As aulas em muitas universidades bolivianas estão suspensas e estudantes mato-grossenses, entre eles alguns de Tangará da Serra, que cursam medicina na Bolívia, afirmam que estão com dificuldades de sair de casa devido aos protestos e aos bloqueios nas fronteiras com o Brasil que já duram mais de 20 dias.

A estudante Allana Gomes, natural de Tangará da Serra, que vive em Santa Cruz de La Sierra, onde faz faculdade, afirmou que as principais avenidas da cidade estão bloqueadas e que não tem acesso à universidade há cerca de 20 dias.
“Não estamos tendo aula e não tem como nos locomovermos para esses ambientes de participação de classe. Estamos esperando um parecer oficial para conseguirmos organizar os horários”, explicou.

Allana disse que é possível passar nas fronteiras com o Brasil apenas a pé ou de bicicleta. “Tem muitas cidades em conflito, mas as pessoas aqui se ajudam”, ressaltou.
Já o estudante Paulo Moreira, de Cuiabá, contou que se mudou para a Bolívia para realizar o sonho de cursar medicina. Ele afirmou que, neste momento de crise política no país, o sentimento é de medo.
“Grupos vandalistas estão aproveitando a situação e agindo com violência. Não podemos sair à noite, pois é perigoso. Nossa situação está difícil, principalmente para quem quer voltar ao Brasil”, contou.
Segundo Paulo, além das aulas, o transporte e alguns serviços essenciais estão suspensos.
“Nada na cidade funciona. Não sabemos o que vai acontecer, porque as vias terrestres estão fechadas e só temos acesso a voos internacionais, mas fica muito caro. Espero que isso se resolva o quanto antes para voltarmos às aulas e até passar as férias no Brasil”, disse.
Os protestos

Os bolivianos protestam contra a reeleição do presidente Evo Morales, que foi eleito pela quarta vez no dia 20 do mês passado.
Evo Morales renunciou o cargo nesse domingo (10), após uma escalada nas tensões no país. Jeanine Añez, 52, senadora de Beni, assumiu a presidência interinamente nesta terça, 12. No entanto, os manifestantes afirmaram que sairão da fronteira somente quando acontecer uma nova eleição no país.
Economia
A fronteira com a Bolívia na BR – 070, região de Cáceres, bloqueada desde o dia 28 de outubro, tem afetado a economia do município.
O bloquei impede que Cáceres compre ureia para a agricultura, segundo o prefeito Francis Maris Cruz (PSDB). A manifestação também tem prejudicado o comércio da cidade.
Segundo Francis, o município importa ureia da Bolívia e os bolivianos compram produtos de Cáceres.
“Cáceres perde muito com as fronteiras fechadas, pois os vizinhos bolivianos vinham muito para Cáceres fazer compras, principalmente de alimentos”, afirmou.
Com informações do G1 Mato Grosso