Maio é conhecido pelas flores, pelas homenagens às mães e, mais recentemente, pela campanha Maio Furta-cor — um movimento que nos convida a refletir sobre a saúde mental materna. Não é apenas um mês de celebração, mas de escuta, empatia e visibilidade. Porque ser mãe é muito mais que gerar uma vida; é uma jornada profunda, emocional e, muitas vezes, solitária.
O primeiro desejo da maternidade, quando surge, é carregado de sonhos, de idealizações. Mas o que pouco se fala é da dor que acompanha muitas mulheres nesse caminho. Algumas não conseguem engravidar e se veem diante do difícil e caro processo de fertilização. Outras recorrem à adoção — um ato de amor, que ainda é envolto em preconceitos e entraves burocráticos. Todas essas mães, biológicas ou não, vivem angústias e cobranças que raramente são ouvidas.
E há ainda aquelas que, ao finalmente se tornarem mães, enfrentam desafios que vão além do que a sociedade costuma enxergar. A mãe atípica, que cuida de um filho com demandas e desafios específicos, com condições de saúde que muitas vezes exigem atenção contínua, vivendo uma rotina intensa, carregada de desafios emocionais e físicos. Ela enfrenta barreiras no acesso à educação, à saúde, ao lazer, e lida com a falta de apoio e ausência de políticas públicas eficazes.
Mas mesmo a mãe “típica” vive o peso do trabalho invisível: as noites mal dormidas, a sobrecarga mental, a renúncia de si mesma para dar conta de tudo e de todos. Ser mãe não é um estado de graça permanente. É, muitas vezes, um espaço de solidão, de culpa, de exaustão.
E por isso, é urgente falar de saúde mental. Mães adoecem. Mães choram em silêncio. Mães precisam de acolhimento, de políticas públicas, de redes de apoio. Precisam ser enxergadas não apenas como cuidadoras, mas como mulheres com histórias, desejos e limites.
O Maio Furta-cor nos propõe uma nova lente: uma que revela todas as cores e nuances da maternidade — do desejo à frustração, da realização ao cansaço. É hora de parar de romantizar e começar a cuidar de verdade. Saúde mental materna é uma pauta de todos nós. E como mulher, como mãe, como vereadora, sigo comprometida em trazer essa realidade para o centro das nossas decisões.
Que o mês de maio não seja apenas de flores, mas de mudanças. Que possamos honrar todas as mães com respeito, acolhimento e ação. Porque cuidar de quem cuida é, sim, um ato revolucionário.
Maysa Leão, vereadora por Cuiabá e mãe atípica