Mato Grosso é o segundo estado que mais desmatou a Amazônia em 2020 e área degradada é a maior dos últimos 12 anos. A extensão de área destruída equivale a 176.700 campos de futebol. Especialistas chamam a atenção para a necessidade de ações de combate à prática criminosa e pontuam a necessidade de maior empenho do governo federal nesse trabalho.
Os dados são referentes a agosto de 2019 a julho deste ano, no monitoramento Prodes, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mapeamento aponta ainda que os 1.767 quilômetros quadrados degradados no intervalo analisado, representam um aumento de 4% em relação ao ano passado. Em geral, 88% das ocorrências são ilegais.
O Instituto Centro de Vida (ICV) avalia que essas ações de desrespeito ao meio ambiente são resultado da ausência de políticas efetivas de combate ao desmatamento, acordadas entre Estado e União.
No âmbito estadual, o ICV destaca que houve um aumento de 33% no número de autos emitidos este ano. Porém, quando se trata em resultados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o cenário é diferente. Entre janeiro e novembro de 2020, o órgão emitiu 347 autos de infração, uma queda de 80% em relação a 2017.
A diretora do Instituto, Alice Thuault, comenta que, enquanto o Estado aumenta a sua ação, o governo federal segue na direção contrária. Uma situação que se agrava há pelos menos 3 anos. “Tem essa questão da fiscalização, mas também o congelamento do Fundo Amazônia, menos ações dos fiscalizadores”, destaca.
Para Thuault, esse cenário pode reforçar a sensação de impunidade, de forma que estimule ainda mais a prática degradante.
Professor de ecologia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Ben Hur Marimon Junior reforça que as ações de combate pelas duas esferas são essenciais e que é preciso intensificar essas ações. “É uma questão de articulação, de Estado e União para resolverem esse problema e evitarem o desmatamento ilegal”, salienta. Esse combate, diz o especialista em ecologia, é essencial para evitar as consequências resultantes da prática ilegal. Dentre elas, a diminuição das chuvas que resultou em uma seca intensa neste ano.
Outro lado
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) reitera que as políticas de comando e controle estão mais rígidas. A reportagem não conseguiu contato com o Ibama.