A expectativa do segmento de biocontrole na América Latina é de alto crescimento nos próximos anos, projeção diferente dos prejuízos que a indústria química tem enfrentado, em especial, desde 2022. Para esse impulso, o Brasil é o país que mais está acelerado na adoção, principalmente, de culturas commodities, como soja, milho e algodão.
"O Brasil é o único país capaz de crescer no mercado de controle biológico em uma taxa de quase o dobro se comparado ao Hemisfério Norte e a União Europeia, podendo chegar movimentar até 2030 cerca de US$ 3 bilhões em controle biológico", aponta um relatório global da consultoria de pesquisa com foco em bioinsumos Dunham Trimmer, finalizado ano passado e apresentado nesta terça-feira (30) na convenção internacional Biocontrol & Biostimulant Latam, em Campinas (SP).
Esse valor representa um quinto do que a consultoria estima de crescimento para o mercado de biocontrole global até 2029, de US$ 15 bilhões. "Esta é uma conquista incrível para uma indústria que não atingiu US$ 1 bilhão em vendas globais até 2010”, evidencia o documento.
De acordo com Mark Trimmer, co-fundador da Dunham Trimmer, o Brasil está impulsionando o crescimento latino-americano e global por meio do sucesso em cultivos em linha com produtos de biocontrole, especialmente os microbianos.
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Em 2019, quando a consultoria começou a fazer os mapeamentos de países que adotavam bioinsumos, em especial os de controle de pragas e doenças - bioinoculante, bioestimulantes, solubilizadores - o valor desse mercado no Brasil era de cerca de US$ 500 milhões, em 2023 chegou a US$ 1,5 bilhões e pode já atingir em 2027 o patamar de US$ 2,5 trilhões.
Por outro lado, Trimmer explica que o crescimento já não é tão acelerado como foi até 2019, quando o CAGR era de 15% a 17% para o mercado de biodefensivos.
“Agora, vemos esse mercado crescendo a uma taxa reduzida de 2023-2029. Sendo as primeiras regiões a adotar, as taxas de crescimento nos EUA e na Europa Ocidental estão a um ritmo mais rápido do que outros mercados. No entanto, apesar desta desaceleração, continuam a existir vários países e regiões que continuam a registar uma rápida expansão, especialmente a América Latina e o Brasil”, ponderou.
Para ele, isso impõe uma maior cautela nas fusões e aquisições do segmento, embora o cofundador não descarte que há um interesse maior nesse tipo de mercado em comparação ao químico. “Investidores estão mais críticos, cautelosos com os riscos. Depois da Covid, a cadeia de suprimentos mudou e os balanços financeiros de indústrias de químicos não foram tão positivos como ano passado, embora estamos chegando ao fim do período de estoques de produtos”, agregou.
Trimmer atribui a esses fatores um impacto na atração de novos negócios em biológicos e aposta que o diferencial será a inovação tecnológica, e regulação e um sólido plano de negócios para assegurar investidores a aportar recursos nas empresas de biológicos, incluindo as do Brasil.