A Curupira Cartonera, projeto editorial formado por professores e acadêmicos da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) de Tangará da Serra, apresentará neste fim de semana no Chile, sua mais nova obra, o livro “Poaia”, composto por fotografias e poemas sobre Tangará da Serra.
A obra “Poaia” será apresentada pela Curupira Cartonera no 7° Encontro Internacional de Editoriais Cartoneras. O evento será durante os dias 18, 19 e 20 de outubro, na Biblioteca de Santiago, Chile. O livro é composto por fotos e poemas e foi produzido pelos alunos de Letras da Unemat, João Ormond e Alexandre Rolim.
“Escolhi poemas que escrevi ao longo do tempo, há poema que escrevi há mais de 10 anos retratando as serras que contornam Tangará, outro que escrevi em 2016, durante a crise hídrica, quando o Rio Queima-pé, rio que me banhei quando era criança e de repente se transformou num filete de água, e um terceiro poema que retrata a revoada dos periquitos no centro da cidade, esse escrevi em 2014, quando eu era repórter da TV Record e ficava todos os fins de tarde na frente do Cisc de Tangará, observando esses pássaros trazendo vida para a cidade de pedra”, destacou Rolim.
O evento no Chile reúne cerca de 30 expositores de vários lugares da América Latina. Entre a programação, está o lançamento de obras, oficinas e exposições.
De acordo com a professora Flávia Kraus Vilhena, este é um dos principais eventos de editoriais cartoneras, sendo um local para confraternização, “para que a gente se conheça, para que as diferenças”, disse.
Poaia é, segundo ela, o primeiro trabalho coletivo da Curupira Cartonera. “Resolvemos inovar e, coletivamente, planejamos este livro, misturando as linguagens, a poesia a fotografia, e o resultado ficou muito lindo”, destacou.
Flávia acredita que o livro Poaia é a ressonância do ideal do projeto Curupira Cartonera, pois traz a publicação de um livro produzido pelos próprios acadêmicos da Unemat. “São poemas e fotografias de dois alunos do quarto semestre de Letras e organizado por alunos de outros semestres, uma deu o nome, outro diagramou, outro deu ideias. Então, os alunos fizeram parte do processo e colocaram a mão na massa”, destacou a professora.
Ela explica que a ideia de criar uma cartonera na Unemat surgiu durante o desenvolvimento, por ela, de um trabalho acadêmico. “Eu trabalhei com o gesto fundacional da Heloisa Cartonera, a primeira cartonera que existe, nesse trabalho surgiu uma grande admiração pelas cartoneras, que foi lida por um grupo de alunos que, em 2016, propôs que a gente constituísse uma cartonera”, conta, explicando que houve traduções de autores argentinos, precursores do processo, os quais foram, inclusive, contemplados com cópias da tradução para o português, em Buenos Aires.