Cinco anos separam a primeira capa de Iza para a Glamour desta edição que você lê. Em 2019, à beira de uma piscina, a cantora foi clicada pelo fotógrafo Gui Paganini em um vestido amplo com um útero bordado na altura de seu ventre. Com seu segundo álbum de estúdio, Afrodhit, lançado em agosto de 2023, veio mais um sinal de que a vida não seria mais a mesma.
"Me coloquei dentro de um saco gestacional, virei um feto e, agora, existe um feto dentro de mim. Sou mãe pela primeira vez", disse a artista em um pocket show transmitido em suas redes sociais para anunciar a chegada da primeira filha, fruto do relacionamento com o jogador de futebol Yuri Lima, de 29 anos.
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Os encontros — sim, encontros, afinal não ousamos chamar tamanha sinergia de simples coincidências — aparecem em outros momentos, como na última faixa do álbum, "Uma Vida É Pouco pra Te Amar", música até então pensada para a história de um casal, mas que ganhou outro sentido com a maternidade.
"Sou meio mística, acredito que, quando a gente se abre para falar o que sentimos, a vida acaba se moldando a essa ideia também", elabora. Conceição Evaristo defende que as palavras são como vazão para os sentimentos e ferramenta de construção de uma nova realidade para pessoas como ela, Iza, eu e tantas de nós.
"A Escrevivência surge de uma prática literária cuja autoria é negra e feminina [...] O sujeito da ação assume o seu fazer, pensamento e reflexão, não somente como um exercício isolado, mas atravessado por uma coletividade", escreve a intelectual, que indiretamente ajuda a cantora a ter ainda mais dimensão do impacto da sua expressão artística e pessoal.
Iza conta do desprendimento que a tomou às vésperas de a gestação ser descoberta. Sem tomar contraceptivo há seis meses, percebeu que sua menstruação estava atrasada na casa da amiga e stylist Bianca Jahara, que na época estava prestes a parir Ayla, afilhada de Iza. Fez um teste para dissipar a dúvida e descobriu que já estava grávida há três semanas, ou seja, ela arrastou uma multidão em São Paulo com o bloco Bonde Pesadão sem ter ideia de que já carregava seu primeiro filho no ventre.
Na conversa a seguir, ela fala sobre os desafios e as alegrias do novo momento, planos para um próximo álbum e como pretende criar o baby talismã.
Como está se preparando mentalmente para essa vida que chegará ao mundo por meio de você?
Agradeço muito por estar grávida depois de fazer anos de terapia e entender que a infância determina uma vida adulta mais consistente. Óbvio que na prática tudo é muito diferente, mas me sinto preparada para lidar com os desafios de criar uma criança negra. Na verdade, vai ser uma mistura bonita, já que a família do Yuri tem descendentes de índigenas. Dependendo da cor da pele, pode ser que surjam dúvidas sobre colorismo, por exemplo, mas tenho uma certa segurança do letramento racial que tenho hoje para lidar com essa situação.
Como você está se sentido neste momento, com pouco menos de três meses de gravidez?
Estou muito feliz, em êxtase. Já sabia que o nosso corpo é incrível, mas parar para pensar que sou responsável por fabricar rins, pulmão, coração… É muito louco! A gravidez aconteceu no melhor momento possível. Me sinto grata por ter sido natural e sem grandes preocupações, porque também tenho amigas que estão passando por esse processo de tentar e sei que é intenso.
Já era um sonho seu ser mãe. Como você se imaginava nesse papel?
Sim, sempre tive o sonho de ser mãe. Sinto que sou maternal à vida. Não sei muito bem por que, já que sou filha única e não tive a vivência de cuidar de irmão, por exemplo, mas sou assim com a minha equipe, amigos e família. Inclusive, sempre que dá merda, a galera me procura no meio do rolê. Da ressaca ao problema com ex, todo mundo sabe que pode contar comigo (risos). Quando tenho que cuidar do outro, me sinto mais preparada, mas por outro lado me questionava: "Como vai ser quando eu for mãe?"
Preservar esse momento íntimo foi um peso para você?
Ao mesmo tempo que estava superanimada para revelar logo e poder viver isso publicamente, tem a questão de que até os três meses há um risco [de a gravidez não se desenvolver], principalmente na primeira, como a minha. Em março, quando íamos fotografar nossa capa, tive um sangramento e fiquei desesperada. Me senti vulnerável por precisar de ajuda e existir a possibilidade de um profissional querer se beneficiar disso. Na teoria, sei que essas coisas acontecem, mas me ver nessa situação foi delicado
O Yuri também compartilhava desse desejo de viver a paternidade?
Ser pai era um grande sonho da vida dele, que ficou doido com o resultado positivo! Assim como eu, o Yuri cuida bastante de todos, mãe, pai, irmãos. A gente sempre falou sobre construir a nossa família, mas não imaginávamos que fosse acontecer agora. Óbvio, se você está praticando, existe a possibilidade, só que não estávamos tentando.
Quais são as lembranças que você tem dele quando contou a novidade?
Tivemos um momento muito bonito. Consegui filmar quando contei para a minha família e amigos, mas com ele não deu porque estávamos sozinhos. Fico feliz por ter sido algo que só a gente sabe e sentiu. Nos emocionamos e choramos por bastante tempo. Ele abriu a janela do hotel que estávamos e começou a gritar de alegria. Posso falar? Estou muito feliz de poder construir essa família com ele.