10 de Outubro de 2024

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POLARIZAÇÃO

Psicóloga afirma que altas em números de violência eleitoral não estão relacionadas a doenças mentais

Evelyn Souza/ Redação

A cada 26 horas uma pessoa é vítima de violência política no Brasil, segundo os dados da 2ª edição da pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, divulgada pela ONG Terra de Direitos e Justiça Global. 

De acordo com os dados, nos dois meses que antecederam o 1º turno das eleições de 2022, o número de episódios de violência política saltou para 121. Ou seja, de 1 de agosto a 2 de outubro de 2022, foram registrados cerca de 2 casos por dia. O maior número de alvos foram 113 agentes políticos, a maioria ligados a partidos de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Socialismo e Liberdade (Psol).

Para desvendar a origem dos altos números de violência eleitoral, o Jornal Centro Oeste Popular conversou com a psicóloga de 41 anos, Tatine Penariol de Rosato (CRP 18/00905), que além de experiência em diversas áreas da psicologia, é docente desde 2006.

A especialista afirmou que apesar dos surtos de violência neste período eleitoral transparecem serem motivados por algum transtorno mental, não está ‘ligado’ necessariamente a um problema psicológico. “Os atos de violência que vem acontecendo e que nos parece ser irracional, na verdade, na maior parte dos casos não estão ligados a problema mental, mas sim, vinculados às emoções. Pois, as emoções dos eleitores estão sendo constantemente manipuladas nesta eleição, ou seja, faz parecer que por trás tem um transtorno mental, mas não necessariamente”.

“De uma forma geral não é bom ligar o transtorno mental com a violência, porque estigmas podem ser criados, pois, são poucos tipos de transtornos mentais que levam alguém a praticar violência com si própria ou contra terceiro. Quando falo de manipulação das emoções, você colocar valores, por exemplo, a família como um valor de família cristã, então neste caminho você passa por uma heterossexualidade compulsória, todo um ideal de família branca, ou seja, isso entra na subjetividade, nos valores e nas emoções e quando foge deste ideal faz transparecer o sentimento de necessidade de combatê-lo, e por este motivo surge à noção messiânica de algumas pessoas de tornar como uma verdade absoluta, fazendo-o sentir na condição de desumanizar outra pessoa”, acrescentou. 

Só em 2022, até 2 de outubro, houve 247 casos. O número de incidentes mais do que dobrou ante os 12 meses do ano anterior, em que foram registrados 125. Em 2020, quando foram realizadas eleições municipais, houve 151 episódios de violência política. Já em 2018, ano das últimas eleições gerais, 46.

Apesar da alta do cenário geral, o número de assassinatos caiu. Foi de 19 em 2021 para 8 em 2022. Em 2020, foram registrados 40. A maior alta foi no número de ameaças, que bateu recorde neste ano, com 85. Antes, o pico tinha sido em 2019, com 57 ameaças.

A maior parte dos casos no período eleitoral aconteceu na região Sudeste, com 58 ocorrências. Na sequência, vêm nordeste (25), centro-oeste (17), norte (9) e sul (8). Os partidos que mais foram vítimas de violência foram o PT, do ex- presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva, com 21 ocorrências. A seguir vieram o Psol, com 17; e o PL, do presidente Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição, com 11 ocorrências de violência eleitoral. Também de acordo com o levantamento, 50% das vítimas de violência política no Brasil são negras. Os reincidentes são, na sua maioria, congressistas negros, mulheres, LGBTQIA+ e defensores de direitos humanos.


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