O período das chuvas tem início em Mato Grosso e a velha preocupação volta a atormentar as autoridades da saúde pública, ou seja, a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da Dengue, Zika Vírus e Chikungunya. O drama todos os anos se repete, e as unidades de saúde já apontam para o aumento de casos da doença.
As preocupações são pertinentes. O número de mortes por dengue teve um aumento de 70% em Mato Grosso neste ano. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgados no último dia 15 de novembro, foram 10 mortes no mesmo período analisado do ano passado e 17 neste ano. Os dados mostram que os municípios de Juara, Lucas do Rio Verde e Pontes e Lacerda tiveram, em cada cidade, duas mortes ocasionados pela doença.
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Em todo estado, 92 cidades estão classificadas com risco alto para a proliferação da dengue. Entre os grandes municípios, estão Sinop e Tangará da Serra. A capital aparece com risco moderado. Já Várzea Grande e Rondonópolis têm risco baixo para dengue. O vírus da dengue, da Zika Vírus e Chikungunya, são transmitidos pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, com comportamento diurno. O mosquito se multiplica em depósitos de água parada acumulada nos quintais, dentro das casas, comércios e nos espaços públicos. O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior transmissão da doença.
As medidas de prevenção são conhecidas por todos: não deixar acumular lixo nos quintas, evitar locais que possam acumular água parada, entre outras. Mas o problema é a falta de conscientização das pessoas. Vale lembrar que odas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas com mais idade e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte. Os sintomas da doença são: mal-estar, falta de apetite e dor atrás dos olhos. No entanto, a infecção pode ser assintomática (sem sintomas), ou com sinais leves. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
O senhor Vandoil Silva, morador da comunidade Nova Varginha, em Santo Antônio do Leverger, detalha o drama vivido por ele e sua esposa, que tiveram que procurar atendimento médico devido ter contraído a dengue. “Primeiro foi a minha esposa, passou mal, com febre e dor. Tive que levar ela no médico, logo em seguida foi eu que fiquei ruim. Dor no corpo, febre alta, ruim demais”, conta Vandoil. Já a senhora Ana Paula teve que procurar ajuda médica para seu filho de 6 anos, que apresentou os sintomas da dengue, como a febre.
“A gente procurar manter o nosso quintal limpo, mas tem os vizinhos que não tem o mesmo cuidado, e olha que a chuva tá apenas começando, é motivo de preocupação sem dúvida nenhuma”, relata. Não existe tratamento específico para dengue ou dengue grave. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias. É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima de sua casa. Em Cuiabá, em uma ação coordenada pela Prefeitura, mais de mil estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, funcionários da instituição e centenas de motoristas, receberam orientações sobre a proliferação e cuidados contra o mosquito Aedes aegypti.
O trabalho foi liderado pela Unidade de Vigilância em Zoonoses que mobilizou 35 Agentes de Combate de Endemias (ACE) durante todo o dia no Campus Universitário, na região do Coxipó. Panfletagem nas guaritas, distribuição de folders, visitas internas e externas nos blocos, arredores das quadras e uma mesa expositora sobre o assunto integraram a ação.
Segundo os agentes comunitários de endemias, o lixo acumulado nas beiras do rio é o problema, pois acumulam água tornando-se fontes de criadouros do Aedes aegyti, causador da Dengue, Chikungunya e Zika.
E existem muitos outros locais que merecem atenção. Por exemplo, bandeja de geladeira acumula água, vasilha de água dos animais, caixa d’água destampada, entre outros.
“Não adianta trocar a água do cachorro e não lavar a vasilha. Precisa ser lavada para matar os ovos e as larvas do mosquito. E a caixa d’água precisa ser bem tampada, qualquer frestinha ou buraquinho na caixa são suficientes para o mosquito. Lixo no quintal e água parada também são criadouros”, explicou a ACE, Joze Luiza dos Santos Barbosa.
O coordenador técnico da Unidade de Vigilância em Zoonoses, José Antônio Noleto, a conscientização é a melhor ferramenta contra a Dengue. “A tarefa de combater o mosquito Aedes aegypti é uma tarefa séria e simples que deve ser executada durante o ano inteiro, não apenas no período chuvoso. É uma responsabilidade de todos, não apenas dos órgãos públicos”, frisou.