06 de Outubro de 2024

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SAÚDE Quarta-feira, 14 de Dezembro de 2022, 11:46 - A | A

Quarta-feira, 14 de Dezembro de 2022, 11h:46 - A | A

COMBATE A AIDS

Apesar do avanço dos tratamentos, preconceito e estigma continuam a afetar portadores do vírus

Há quase 40 anos, o Brasil conhecia o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que se manifesta após a infecção pelo HIV.

Regina Botelho Da Redação

“Eu tinha um namorado, que eu namorei por três anos. E foi ele que me contaminou, e tudo indica que ele sabia estar contaminado.” Essa foi a revelação da manicure Aline Antunes, 32 anos.

Larissa Betania é outra pessoa que também se infectou dentro de um relacionamento. Segundo ela, foi difícil lidar com essa questão. “Demorou um pouco para eu aceitar a condição crônica do HIV, e demorou para parar de me culpar”.

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O vírus já circula há 40 anos, e um longo caminho percorrido pela ciência até aqui trouxe avanços que permitem que qualquer pessoa com HIV possa viver tranquilamente. A prevenção ainda é a melhor solução para evitar a contaminação pelo vírus HIV e desenvolver a Aids. Essa é a principal mensagem para o Dezembro Vermelho, campanha que reforça o alerta para a prevenção e o diagnóstico precoce do HIV e da Aids.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 38,4 milhões de pessoas em todo o mundo estejam vivendo com o vírus ou a doença. De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (Sinan) apontam que o Estado de Mato Grosso notificou 352 novos casos de Aids em 2020 e 363 novos casos em 2021. De janeiro a outubro de 2022, já foram registrados 205 novos casos da doença. Já em relação ao diagnóstico por HIV – quando a pessoa apresenta o vírus, mas ainda não desenvolveu a doença Aids –, foram notificados 871 novos casos em 2020 e 967 novos casos em 2021. De janeiro a outubro de 2022, foram registradas 555 novas infecções, sendo a maior frequência entre jovens na faixa etária de 20 a 29 anos de idade.

Em relação aos óbitos por Aids registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), o Estado de Mato Grosso notificou 211 óbitos em 2021. De janeiro a outubro de 2022, já são 126 mortes pela doença. A pandemia pela Covid-19 trouxe uma série de dificuldades nas ações de luta contra o HIV e a Aids. Além do desafio na continuidade do tratamento dos pacientes, o isolamento social pode ter contribuído para o diagnóstico tardio da doença.
A técnica de Vigilância Epidemiológica do HIV e Aids da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), Valéria Francischini, explica que os indicadores sugerem o diagnóstico tardio e o abandono do tratamento, que dificultam e agravam o atual cenário epidemiológico.

Considerando informações dos quatro maiores serviços especializados de Mato Grosso, cerca de 831 pessoas deixaram de fazer o tratamento há mais de 100 dias. Esse indicador reflete o elevado número de novos casos de Aids e a continuidade na cadeia de transmissão do vírus, além da possibilidade de resistência à medicação. “Até o momento, não há cura para o HIV ou para Aids, mas a pessoa diagnosticada pode ter melhor qualidade de vida se obtiver o tratamento adequado e oportuno, que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sabemos que o preconceito também é uma barreira, mas é preciso conscientizar a população sobre a importância do uso de preservativos, do diagnóstico precoce e do tratamento. São 41 anos dessa epidemia e negligenciar o HIV ou a Aids, definitivamente, não é a solução”, explicou Valéria.

A profissional revela ainda que o Estado vem desenvolvendo diversas estratégias em conjunto com as Secretaria Municipais de Saúde, no sentido de adequar o sistema responsável pela disponibilização de testes rápidos e melhorar a oferta. “Existe a perspectiva de cobertura de 100% da testagem rápida nos serviços de Atenção Básica, de forma a facilitar o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno. É importante destacar que pessoas que seguem o tratamento adequado podem ter carga viral indetectável e deixar de transmitir o vírus pelo sangue, mantendo uma vida com mais qualidade”.

HIV / Aids no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 920 mil brasileiros vivem com HIV. Deste total, 89% foram diagnosticados, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas que fazem o tratamento já não transmitem o HIV, por terem atingido a carga viral indetectável.

Os indicadores do Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde, publicado em 2020, mostraram que, no Brasil, os homens predominam os casos de infecção com 69,4%, contra 30,6% em mulheres. O que indica 26 homens para cada dezmulheres infectadas.

De acordo com boletim, verificou-se que 51,6% dos casos em homens foram decorrentes de exposição homossexual ou bissexual, 31,3% heterossexual e 1,9 % se deram entre os usuários de drogas injetáveis. Já entre as mulheres, foi identificado que 86,6% dos casos são resultantes da exposição heterossexual e 1,3% entre usuárias de drogas injetáveis. Em faixa etária, o grupo mais afetado pela doença é o de pessoas que possuem entre 20 e 34 anos, representando 52,7% dos casos.

HIV/Aids no mundo

No âmbito mundial, cerca de 37 milhões de pessoas vivem com HIV, de acordo com as estatísticas de 2020, publicadas pela  Unaids . Destas, 1,5 milhão foram infectadas recentemente e 70% possuem acesso à terapia antirretroviral.


Transmissão

A  Aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês).

Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças.  

O HIV pode ser transmitido no contato direto com sangue ou fluidos corporais de pessoas infectadas pelo vírus, como sêmen, fluidos vaginais, leite materno ou pré-ejaculatórios (na relação sexual sem camisinha), compartilhamento de agulhas e seringas, doação de sangue ou na gestação, trabalho de parto/parto ou pelo aleitamento materno.
“Eu sofri muito xingamento, bastante mensagem de ataque. Eu conheço pessoas que convivem comigo que não bebem no meu copo. Só que, assim, eu também sou uma pessoa que não espero ver a reação do outro. Eu não ofereço meu copo para ninguém. Eu prefiro não correr o risco de ver o preconceito”, afirmou Sandra.


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