Um grupo de servidores e uma sala da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) serão ocupados dentro dos próximos dias com um debate que – segundo definição que consta no site do próprio Parlamento – deveria ser de “relevante interesse para o Estado”.
Eles serão empregados para fazer funcionar uma Câmara Setorial Temática (CST) que terá como tema a “Consciência e Valores Humanos Universais”.
A proposta foi do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), que indicou o ex-secretário de Estado José Esteves Lacerda para comandar o grupo de trabalho.
José Lacerda foi secretário de Meio Ambiente do governo Silval Barbosa e hoje é réu em uma ação penal oriunda da Operação Seven.
Deflagrada em 2016, a operação investigou uma suposta fraude na desapropriação de uma área rural que já pertenceria ao Estado. A suspeita é de prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O prejuízo para os cofres públicos: R$ 7 milhões.
“Consciência e Valores Humanos”
A CST proposta por Dilmar Dal Bosco ainda não foi instalada. Segundo o deputado, depende de um aval da Mesa Diretora do Parlamento.
Mas o democrata sustenta se tratar de um assunto importante a ser debatido. Tanto que sua primeira ideia foi tentar uma Câmara Setorial “mista”, se possível, até com o Congresso Nacional.
Perguntado o que exatamente será tratado nesse grupo, Dilmar falou sobre o uso da tecnologia e como ela tem afastado as pessoas.
“Hoje, os jovens, e até a gente, vivem grudados no celular, no WhatsApp. Tem pai que fala com o filho só pela Internet”, respondeu, pontuando que os “valores humanos” tem se perdido.

Câmara Setorial Temática
Segundo definição que consta no site da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, uma Câmara Setorial Temática serve para “diagnosticar, estudar e debater temas de relevante interesse para o Estado”.
Também no portal é possível encontrar a lista das que estão em andamento – elas são 10 – e das que foram concluídas ou arquivadas há pouco tempo outras 10.
Entre os assuntos debatidos nelas estavam ações para simplificar o sistema tributário do Estado, desenvolver o setor do turismo, soluções para o superendividamento de pequenos produtores rurais e questões ligadas ao saneamento básico nas cidades de Mato Grosso.

O próprio Dilmar Dal Bosco já sugeriu alguns temas como a correta destinação de resíduos sólidos (lixo) e de animais mortos e a lei da pesca que em trâmite no Parlamento.
“Quando nós trazemos especialista para debater um assunto, o produto final é sempre bom”, sintetizou o deputado, destacando que quer uma equipe “técnica” também para abordar o tema da consciência e valores humanos.
E o José Lacerda?
Conforme Dilmar Dal Bosco, o ex-secretário se envolveu na questão dessa Câmara Setorial por já ter um longo trabalho a respeito do tema. Mas essa não foi a única. Pelo menos outras três CST já foram presididas por Lacerda no Parlamento.
Segundo a reportagem do LIVRE apurou, o ex-secretário não recebe pagamentos por isso. A própria concepção das Câmaras Setoriais foi pensada para gerar o mínimo de custos ao Poder Legislativo.
Todas as pessoas que participam dos debates são voluntárias e os encontros realizados, em média, uma vez por mês. Ao final, a regra prevê a apresentação de um relatório que, como já é praxe, acaba dando origem a algum projeto de lei.