O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Juína (730 km de Cuiabá) registrou, em abril deste ano, 66 casos de detentos contaminados por hanseníase. Os dados são do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen), que aponta que o número de contágio pode ser ainda maior.
HNT/HiperNotícias, a presidente do Sindspen, Jacira Maria da Costa, informou que há um déficit de profissionais da saúde no presídio e, por conta disso, não há informações atualizadas sobre o montante de presos contaminados.
“Há um mutirão sendo formado para levantar o número total de infectados. Esse levante vai reunir diversos profissionais para atualizar a quantidade não só de detentos contaminados, mas, também, da própria população do município”, apontou Jacira da Costa.
As informações dão conta que outros presídios de Mato Grosso,como o Ferrugem, em Sinop, e a Penitenciária Central do Estado, também apresentaram casos de infecção por hanseníase. Contudo, não há dados sobre o número de contaminados nestas unidades.
Medida judicial
No dia 29 de agosto, foi publicado no Diário Oficial um pedido do Tribunal de Contas de Mato Grosso solicitando ao Estado que se pronunciasse sobre os casos de infecção nos presídios.
No documento, assinado pelo conselheiro titular Luiz Carlos Pereira, é apontado que: “As Equipes Técnicas, após levantamento, verificaram que a não disponibilização de médicos, enfermeiros e agentes penitenciários, bem como a não adoção de medidas pelos gestores, tem contribuído para o agravamento da doença hanseníase, com possível risco de pandemia nas unidades penais do Estado, em especial do Município de Cuiabá, Sinop e Juína”.
Em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a reportagem recebeu informações de que um plano de providências será elaborado conjuntamente entre a SES e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). E, somente após a finalização deste trâmite, o governo se posicionará sobre o assunto.
Hanseníase
Conforme informações do Ministério da Saúde, a hanseníase é uma doença crônica e transmissível por meio do agente patológico Micobacterium leprae. A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece.
Dentre alguns dos sintomas mais comuns da doença estão: formação de zonas esbranquiçadas na pele com perda de sensibilidade; dor e sensação de choque; febre, formação de nódulos pelo corpo e ressecamento dos olhos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em referências. O tratamento da doença é realizado com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de antibimicrobianos, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
(Com dados do Ministério da Saúde)