Pelo segundo ano consecutivo, o projeto Reconstruindo Sonhos prestou homenagens aos voluntários e instituições parceiras da iniciativa, com a entrega do 2º Prêmio Dimas. A solenidade ocorreu na quinta-feira (14), véspera do feriado, no auditório da sede das Promotorias de Justiça de Cuiabá. Diversas autoridades, entre elas o vice-governador do Estado, Otaviano Pivetta, e convidados prestigiaram o evento. Ao todo, foram homenageadas 122 pessoas, 11 instituições parceiras e 13 unidades prisionais Entre os voluntários, 34 são policiais penais.
“É justo reconhecer e parabenizar aqueles que, mesmo com tantas exigências, ainda encontram tempo, disposição e entusiasmo para aplicar programas de ressocialização, acreditando na mudança e na capacidade de contribuir para que tenhamos uma sociedade mais segura e equilibrada”, destacou a coordenadora do projeto, procuradora de Justiça Josane Fátima de Carvalho Guariente.
O secretário-geral do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, procurador de Justiça Adriano Augusto Streicher Souza, que no ato representou o procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Junior, destacou a relevância do projeto de ressocialização. “Pela sua importância para a sociedade como um todo, e para os reeducandos, o Reconstruindo Sonhos é uma iniciativa que conta com pleno apoio da atual administração superior do MPMT. E não poderia ser diferente. Com dedicação, entrega e determinação, pessoas que acreditam na capacidade do ser humano de reconstruir suas vidas, levaram a proposta à frente, tornando o projeto uma realidade em Mato Grosso”, enfatizou o secretário-geral.
O vice-governador do Estado, Otaviano Pivetta, falou sobre a importância do trabalho e da educação como forma de libertação. “O trabalho é um direito e um dever de todo cidadão. Para quem um dia trabalhou e se sente cerceado do direito de trabalhar é muito difícil”, observou. Acrescentou ainda a responsabilidade do Estado: “O Estado de alguma maneira deve muito por toda essa situação que vivemos. A liberdade é um direito fundamental, talvez o mais importante de todos, mas a liberdade começa com a obrigação do Estado em oferecer educação básica a todos os brasileiros”.
Pesquisa realizada pelo Reconstruindo Sonhos demonstra que 41,6% dos participantes do projeto não completaram o ensino fundamental. O levantamento revelou ainda que 38,9% possuem idade entre 30 e 40 anos e 44,9% foram presos por tráfico de drogas.
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Parceira do Reconstruindo Sonhos, a coordenadora de projetos do Instituto Ação pela Paz, Daniela Facionatto Reina Mateus, enfatizou que a iniciativa traz um diferencial ao priorizar o desenvolvimento humano em sua primeira fase. “A pessoa precisa reconhecer os seus próprios sentimentos, aprender a se comunicar, a diminuir a ansiedade, a acreditar em si, a ter a autoestima elevada para somente depois participar da qualificação profissional”, destacou.
Atualmente, segundo ela, o Instituto Ação Pela Paz apoia 340 projetos em todo o país. “O Instituto nasceu em São Paulo com o propósito de apoiar o Estado e a sociedade civil na execução de projetos que contribuam para a redução da reincidência criminal. Ano que vem faremos 10 anos, e o Reconstruindo Sonhos foi o primeiro projeto apoiado pelo instituto fora de São Paulo”, disse.
Também compuseram o dispositivo de honra da solenidade de premiação a juíza auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Viviane Brito Rebelo; o coordenador adjunto do CAO da Execução Criminal, promotor de Justiça Roberto Arroio Farinazzo Junior; o consultor jurídico da Famato, Rodrigo Bressane; o secretário adjunto de Direitos Humanos, Kennedy Marques Dias; o secretário adjunto de Administração Sistêmica, tenente-coronel da PM Thiago Vinícius da Silva; o presidente da Fundação Nova Chance, Winkler de Freitas Teles; o diretor da Nova Acrópole Cuiabá, Vinícius Negrão.
Resultados – Dos 329 participantes do Reconstruindo Sonhos entre os anos de 2021 a 2024, 43% ainda estão privados de liberdade. Dos 57% que já receberam alvará, 88% não reingressaram ao sistema prisional. O acompanhamento é feito por meio de quatro sistemas diferentes, que abrangem a ocorrência de crimes em Mato Grosso e em nível nacional.
“Quando iniciamos o projeto, o que mais ouvíamos era que iniciativas dessa natureza serviam apenas para enxugar gelo. Hoje estamos mostrando com resultados que não estamos enxugando gelo, estamos fazendo a diferença na vida de muitas pessoas”, destacou a psicóloga e multiplicadora do Reconstruindo Sonhos, Amanda Freire Amorim.