A contadora Jucilene Pereira da Silva, de 31 anos, classificou como monstro o adolescente de 14 anos que confessou ter matado o filho dela, na última semana, em Tangará da Serra. Ela disse sentir ódio e indignação com o crime.
“Eu não conheço o menino, não sei o perfil dele, sei que ele é um monstro pelo que fez com o meu filho”,
afirmou.
Ryan de Oliveira tinha apenas 10 anos, e desapareceu no dia 17 de novembro em Tangará. Seu corpo foi encontrado em uma região de mata três dias depois. Ele foi asfixiado, afogado e depois ainda recebeu duas pedradas.
“Agora, além da falta, o meu sentimento é de ódio, porque eu tive o menino [o criminoso] em minhas mãos e não sabia que era ele. O meu sentimento é de ódio, porque o meu filho não merecia isso, ninguém merece”,
disse.
Jucilene contou que horas antes de o menor confessar o crime, ela foi até a casa dele e o confrontou em busca de respostas.
“Eu cheguei lá e ele estava dormindo. Como uma pessoa tem a coragem de fazer o que fez, da forma que fez, e ainda dormir?”,
questionou.
“Eu levantei ele da cama, questionei, questionei e ele não olhava na minha cara”,
disse ela.
Jucilene conta que pedia a ele a verdade do que tinha acontecido, que se não era ele, quem era amiguinho com quem ele alegava ter deixado Ryan.
“Eu pedia para ele me contar, que se tivesse acontecido um acidente eu ia tentar entender, mas se tivesse feito alguma coisa com o Ryan não seria só eu a chorar, e mesmo assim ele omitiu”,
disse.
-
Indiferente:
A contadora descreveu a postura do rapaz, quando os dois estiveram cara a cara, como indiferente, fato que a enfureceu ainda mais.
“Não se importou com o que eu estava fazendo ali. Ele não estava nem aí, estava indiferente. Ele não ficou com um olhar de medo para mim ou vergonha. Ele estava com um olhar do tipo ‘sai daqui’. Era um olhar de ‘tô nem aí’, e isso é o que mais me revolta”,
afirmou.
Jucilene e o adolescente percorreram o bairro indo às casas dos amigos de Ryan, para que ele apontasse onde o havia visto pela última vez.
Apresentando informações desencontradas diante do delegado, que estava na casa da contadora acompanhando procedimentos periciais, o adolescente foi novamente ouvido pela Polícia e confessou o crime naquele mesmo dia.
-
Semelhança assustadora:
Jucilene disse, ainda, que nunca tinha visto o adolescente antes do confronto e desmentiu a alegação, feita por ele, de que frequentava a casa dela.
“Ele disse que frequentava a minha casa, que era amigo do meu filho, mas eu nunca tinha visto ele na minha vida. Não sabia que existia essa amizade. Aquela foi a primeira vez que tive contato com ele”.
Algo que deixou a contadora impressionada foi a semelhança do adolescente com o filho mais velho, em aparência e até no tom de voz.
“Quando eu vi o menino, me arrepiei dos pés à cabeça, de tamanha a semelhança. Acredito que o meu filho tenha se apegado a esse menino por causa da aparência, porque meu filho mais velho agora mora com o pai. Só pode ser isso”,
disse.
-
O que espera:
Como ainda é menor de idade, a pena máxima para o crime é de três anos, medida socioeducativa em regime de internação, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Eu espero que ele não faça isso com o filho de mais ninguém, nem que cresça e faça isso com um adulto. Porque a dor que estou sentindo, o ódio que estou sentindo, não desejo para ninguém nesse mundo passe”,
disse ela.
“É uma dor que não sei nem descrever. Então o que ele tiver que passar, o que tiver que acontecer com ele para que não faça isso com mais ninguém, é isso que eu espero”,
completou.