A Polícia Civil indiciou nesta segunda-feira (23) a bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro por homicídio doloso e lesão corporal e a estudante Hya Girotto por homicídio culposo, no caso do atropelamento em frente à Boate Valley, no final do ano passado.
O indiciamento de Hya, feito pelo delegado Christian Cabral, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), representa uma reviravolta no caso, já que, até então, ela era uma das vítimas do atropelamento.
Rafaela atropelou e matou a estudante Myllena de Lacerda Inocêncio, de 22 anos, e o cantor sertanejo Ramon Alcides Viveiros, 25, além de ter ferido Hya. Os três foram atingidos quando saíam da Boate Valley no dia 23 de dezembro do ano passado.
Por isso, Rafaela responderá pelos dois homicídios e pela lesão corporal causada em Hya.
Segundo o despacho do delegado, a perícia e os depoimentos apontaram, no entanto, que Hya contribuiu para a morte de Myllena e Ramon ao parar no meio da Avenida Isaac Póvoas para dançar. Por isso, também responderá pelos dois homicídios, mas de forma culposa, ou seja, sem intenção.
Cabral afirmou que a “performance” de Hya fez com que os amigos também parassem na rua para observar a dança, deixando de perceber a aproximação do veículo em que estava a bióloga.
"Mesmo instante em que Myllena de Lacerda Inocêncio e Ramon Alcides Viveiros teriam interrompido o processo de travessia, girando seus corpos para a direita, ficando de costas para o fluxo da via, aparentemente para visualizarem o comportamento de Hya Girotto Santos, e permanecido nesta posição, sem condições de perceberem a aproximação do veículo", consta no documento.
“Situações que revelam que o comportamento imprudente de Hya também teria contribuído para ocorrência do evento lesivo, quer por retardar a conclusão da travessia das vítimas, quer por dispersar a atenção das mesmas, fazendo-as ficarem em situação de perigo sem quaisquer chances de reação”, concluiu.
O acidente
Segundo a Polícia Civil, a bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro seguia com o seu veículo pela faixa de rolamento da esquerda quando, nas proximidades da Valley Pub, atropelou os três pedestres. Myllena morreu na hora. Já Ramon passou cinco dias internado e morreu no dia 28 de dezembro.
Visivelmente embriagada, a mulher foi detida pela Polícia Militar e se negou a fazer o exame de “bafômetro”.
Diante disso, uma equipe da Polícia Civil elaborou, ainda no local, um “auto de constatação de embriaguez”, que aponta que os sinais da ingestão de álcool eram aparentes.
A motorista foi presa em flagrante e autuada no plantão da Polícia Civil nos crimes de homicídio culposo na direção de veículo e lesão corporal culposa na direção de veículo. Agora, com o indiciamento, ela responderá por homicídio doloso, ou seja, que é quando a pessoa assume o risco.
O último laudo pericial, de junho deste ano, apontou que a bióloga trafegava a 57 km/h - velocidade superior a máxima permitida, mas inferior a 60 km/hora - no momento do acidente.