Vice-presidente da Assembleia Legislativa, Janaina Riva (MDB), afirmou nesta segunda-feira (16) que a Casa avalia lançar um candidato para disputar a possível eleição suplementar ao Senado Federal. O acordo suprapartidário estaria sendo costurado com a certeza de que a senadora Selma Arruda (PODE) terá o mandato cassado em definitivo.
Janaina disse que o presidente, Eduardo Botelho (DEM), e os deputados Max Russi (PSB) e Dilmar Dal Bosco (DEM) são os mais cotados para a disputa, e todos demonstraram interesse na vaga. Além deles, outros nomes estariam sendo debatidos.
“Entre nós, a gente não acredita que essa situação vai ser revertida. Não por ser quem é, mas pela experiência política que nós temos de que reverter uma decisão por unanimidade a gente nunca viu no Brasil”.
Em tom de brincadeira, a própria Janaina disse que só não pleiteia a vaga, por não ter idade mínima para entrar na disputa, que é de 35 anos para senadores e presidenciáveis.
“É claro que é difícil tirar um nome de consenso de dentro de uma Assembleia com 24 deputados, cada um pensa de um jeito. Mas temos o Botelho, o Max Russi se colocou à disposição, o Dilmar... Tem vários que gostariam de ser candidato, mas eles entendem que tem que ser um candidato só, e que reúna, pelo menos, 18 deputados”, disse ela.
A emedebista afirmou que a Casa tem interesse em apresentar um candidato que corresponda aos interesses dos municípios e que seja acessível. A estratégia seria unir o máximo de deputados possível em torno de um nome, para que haja apoio de cada base eleitoral.
“Dividir (eleitores) nesse momento dá chance de perder muito grande. Quem sabe se os partidos não derem conta de fazer isso por si só, a Assembleia deva se reunir em torno de uma candidatura única’, avaliou ela.
"Temos o Botelho, o Max Russi se colocou à disposição, o Dilmar... Tem vários que gostariam de ser candidato, mas eles entendem que tem que ser um candidato só, e que reúna, pelo menos, 18 deputados"
“Queremos um candidato que seja político, que tenha pegada política, que tenha proximidade com as pessoas e que seja acessível. O que a gente não quer hoje é que tenha um senador que depois não vá ter com os deputado estaduais uma liberdade e nem relação com os municípios, como aconteceu no passado”,alfinetou.
SSAÇÃO DE SELMA
Sem papas na língua, Janaina, que é filha do ex-deputado estadual José Riva, o qual foi condenado à prisão por Selma, na época em que era juíza, disse que não acredita na reversão em segunda instância da cassação do mandato da senadora. O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso cassou por unanimidade o mandato dela em abril deste ano por abuso de poder econômico e caixa dois.
"Não é lógico contar com o defunto antes da morte, mas acreditamos que essa cassação seja irreversível (...) Eu nunca vi uma situação dessa ser revertida. E se for, a gente vai rasgar a nossa Constituição e esquecer nosso Código Eleitoral porque ele não vale nada"
Janaina chegou a dizer que a Constituição Federal deve ser “rasgada”, caso Selma seja absolvida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Não é lógico contar com o defunto antes da morte, mas acreditamos que essa cassação seja irreversível (...) “Eu nunca vi uma situação dessa ser revertida. E se for, a gente vai rasgar a nossa Constituição e esquecer nosso Código Eleitoral porque ele não vale nada”, disparou ela.
A deputada fez várias outras declarações sobre a senadora, como exemplo o fato de que, segundo ela, Selma teria declarado que o “feminicídio não existe”, a acusou de não ser uma pessoa acessível e que por isso não ter noção das demandas do Estado, que são passadas por prefeitos e vereadores, aos quais não teria acesso a Selma.
“Falta alguma coisa e temos que ter um senador que tenha essa proximidade. (...) Se fosse outro, já teria sido cassado. Ainda está em uma posição privilegiada porque é senadora, mas o rumo dela é esse (cassação). Não tem outro jeito mais”.“O eleitor tem que parar de ser sonhador. Se a pessoa nunca atendeu ninguém antes de virar senador ou virar deputado, imagine depois que vira. É uma totalmente inacessível. E o político precisa ter contato com as pessoas. Não adianta ficar o dia inteiro fazendo ‘videozinho’ dentro de uma sala, se não tiver resolutividade. Político tem que ser político. Não adianta querer eleger pessoa que não é política, porque depois que vem o problema é ao político que vai recorrer. E está aí”, disse Janaina.