16 de Março de 2025

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GERAL Segunda-feira, 09 de Dezembro de 2024, 15:51 - A | A

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ALERTA VERMELHO

Uso de OzemPic promove padrões de beleza inalcançáveis e atrair olhares do mercado clandestino

Em um século em que o corpo perfeito é uma obsessão e as mulheres fazem qualquer coisa para alcançá-lo, o uso do Ozempic tem se tornado cada vez mais comum, trazendo riscos à saúde da população

Redação

Nos últimos tempos, o tão sonhado corpo “perfeito” tem sido um dos assuntos mais polêmicos da sociedade. As mulheres estão cada vez mais se comparando e buscando suas novas versões, através de remédios, cirurgias plásticas e outros métodos considerados rápidos e perigosos. O que poucos sabem é que essa busca existe há milhares de anos e foi se intensificando com o avanço da tecnologia e da ciência.

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A ideia do corpo ideal surgiu na Grécia Antiga, através dos homens, que visavam manter um corpo bonito por atividades físicas. Na Grécia Antiga, o corpo perfeito era um ideal estreitamente ligado à atividade física, com os homens buscando moldar seus corpos em conformidade com os deuses. A prática de exercícios e competições físicas, como o pentatlo e as corridas no estádio, estava profundamente integrada à cultura grega. Essas atividades, celebradas em eventos como os Jogos Olímpicos, tinham uma dimensão religiosa, já que os gregos acreditavam que a busca pelo corpo belo e forte aproximava os seres humanos das divindades, que eram vistas como imortais e dotadas de perfeição física.

A valorização do corpo na Grécia Antiga tinha uma dimensão estratégica, pois, atletas fortes eram vistos como fundamentais para a defesa das cidades-estado. Os Jogos Olímpicos, realizados a cada quatro anos em Olímpia em homenagem a Zeus, eram tão importantes que serviam como medida de tempo, e as guerras eram suspensas durante o evento, permitindo que os cidadãos se reunissem para celebrar o esporte.

Com o passar dos séculos, a sociedade passou a valorizar cada vez mais os corpos magros, especialmente entre os séculos XVI e XVIII, quando esse ideal se consolidou. Relatos históricos indicam que, nesse período, as mulheres usavam espartilhos e corpetes para ajustar a cintura e alcançar uma aparência considerada mais atraente. Embora hoje a pele dourada seja vista como símbolo de charme e beleza, no século XVII, uma pele branca e pálida era tida como o verdadeiro padrão de beleza. Algumas mulheres chegavam a recorrer a práticas extremas, como perder sangue, para alcançar essa tonalidade de pele mais clara.

No século XIX, a valorização do corpo mais cheio e curvilíneo voltou a ganhar força, especialmente entre a classe burguesa. Esse contexto coincidiu com a Revolução Industrial, que aprofundou a distinção social e promoveu a exibição da riqueza entre os mais privilegiados. Foi a partir do século XX que se consolidou o padrão de beleza que ainda prevalece hoje, especialmente nas passarelas e no imaginário coletivo. O modelo ideal passou a ser o de uma mulher com pele bronzeada, cabelo liso, corpo magro, músculos definidos, seios volumosos e bumbum empinado — características que, na maioria, continuam a ser vistas como sinônimos de atratividade na sociedade contemporânea.

O que era considerado saudável e motivador para a sociedade passou a ser um dos maiores pesadelos das famílias, inclusive dos grandes artistas, que se tornaram referências para diversos admiradores. Em 2023, o tratamento da obesidade ganhou um reforço importante com a aprovação pela ANVISA do medicamento Wegovy (semaglutida 2,4 mg) para o controle do sobrepeso e da obesidade. Dados do IBGE apontam que cerca de 20% dos brasileiros estão acima do peso, tornando a obesidade um problema de saúde pública crônico no país.


A semaglutida já era conhecida por sua utilização no tratamento do diabete tipo 2, sob o nome de Ozempic, aprovado pela ANVISA em 2018, mas em doses menores (1 mg). Devido aos bons resultados observados na perda de peso, muitos pacientes começaram a usar o medicamento “off label” para o tratamento da obesidade, até que a dosagem maior foi oficialmente aprovada.

Estudos internacionais, como um publicado no New England Journal of Medicine, mostraram que a semaglutida pode promover uma perda de peso de até 17% em pacientes que recebem a injeção semanal, combinada com dieta e exercícios. Esse resultado é considerado excepcional, já que outros medicamentos contra obesidade costumam apresentar um “platô” de perda de peso após cerca de 10%.

A semaglutida age de forma semelhante ao hormônio GLP-1, produzido pelo intestino, que sinaliza ao cérebro para reduzir a fome e retardar o esvaziamento gástrico, o que contribui para a sensação de saciedade. Além disso, melhora a ação da insulina, resultando em maior controle do apetite após refeições. A aplicação semanal facilita a adesão ao tratamento, embora possa causar efeitos colaterais como náuseas e lentidão no esvaziamento gástrico, devido à dose mais alta para obesidade.


O Wegovy se junta a outras opções de tratamento, como sibutramina, orlistate e liraglutida, mas com um custo mensal estimado em torno de R$ 1.000, dependendo da definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. A medicação representa uma nova esperança no combate à obesidade, oferecendo uma opção eficaz para quem luta contra o excesso de peso.

Recentemente, um caso que vem chamando muita atenção é o da cantora Maraisa, que faz parte da dupla Maiara & Maraisa. No início de sua carreira, ela possuía um corpo tradicional, mas que gerava comentários maldosos em suas apresentações e na internet. Em busca do corpo perfeito, a cantora passou a mudar sua rotina e alimentação, perdendo peso de forma repentina, o que foi considerado por médicos e personal trainers como uma perda muito rápida.

Devido ao corpo atual, os fãs passaram a notar que havia algo de errado em sua dieta, pois, a perda havia sido rápida demais. Após toda a polêmica em diversos sites de entretenimento, a artista afirmou que buscou médicos especializados, regulou seu organismo e passou a ter uma alimentação saudável, deixando o 'suspense' no ar sobre o uso de qualquer medicação.

Devido à popularização e ao uso recorrente, no mês de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recebeu um comunicado da empresa Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda., responsável pelo medicamento biológico Ozempic®, informando sobre indícios de uma fraude envolvendo o reaproveitamento indevido de canetas de insulina Fiasp® FlexTouch®. Conforme a empresa, rótulos de Ozempic® do lote NP5K174, um lote legítimo e autêntico do medicamento, foram retirados de canetas originais e aplicados em embalagens de insulina, fazendo com que esses produtos fossem vendidos fraudulentamente como se fossem Ozempic®. A fraude está sendo investigada pelas autoridades competentes.


Diante dessa situação, a ANVISA orienta tanto a população quanto os profissionais de saúde a estarem atentos às características da embalagem e do produto, e a adquirirem apenas medicamentos completos, dentro da caixa, adquiridos em farmácias regularizadas pela Vigilância Sanitária e com a devida emissão de nota fiscal.


A agência também alerta para os riscos de compra em sites não oficiais, canais de venda não autorizados, aplicativos de vendas ou redes sociais, além de sugerir cautela com medicamentos adquiridos em grupos de mensagens.

Em comunicado oficial, a Novo Nordisk forneceu orientações detalhadas para ajudar consumidores e profissionais a identificar possíveis fraudes. As principais indicações incluem diferenças nas cores das canetas: a caneta de Ozempic® é de cor azul clara, com botão cinza, enquanto a caneta de insulina Fiasp® tem cor azul escura e botão laranja. Além disso, embalagens que apresentem alterações visíveis, como rasuras, idioma estrangeiro ou aparência diferente da registrada, também são indicativos de fraude.


O medicamento Ozempic® 1mg, por exemplo, é comercializado exclusivamente em canetas pré-preenchidas injetáveis. Outro sinal de alerta é o preço do medicamento. Se o valor for significativamente mais baixo do que nas farmácias, é um indicativo de que o produto pode ser falsificado. A presença de adesivos ou rótulos com menções a "nova fórmula" também é um ponto de atenção, já que, conforme a Novo Nordisk, não houve lançamento de uma nova fórmula de Ozempic® desde sua chegada ao mercado em 2019.

Caso qualquer indício de falsificação seja identificado, a ANVISA e a Novo Nordisk recomendam que o produto não seja utilizado. Os consumidores e profissionais de saúde devem entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Novo Nordisk, disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, pelo telefone 0800 014 44 88 ou pelo e-mail
[email protected], que atende 24 horas.


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