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GERAL Quarta-feira, 28 de Agosto de 2019, 08:41 - A | A

Quarta-feira, 28 de Agosto de 2019, 08h:41 - A | A

GRAMPOLÂNDIA

Secretário indica que "placa dos grampos" nunca esteve na Segurança Pública

Folha Max

O secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), Alexandre Bustamante, sugeriu que as placas Wytron – hardware de informática necessário para a realização de interceptações telefônicas -, nunca foram entregues pelo Ministério Público do Estado (MPE-MT). Bustamante deu a declaração durante uma entrevista concedida à Rádio Capital na manhã desta terça-feira (27).

As placas de computador, da marca Wytron, foram utilizadas para a implementação de um sistema de interceptações telefônicas ilegais, operados pela Polícia Militar, e que teriam sido cedidas pelo MPE-MT. Algumas ações na Justiça tentam identificar os autores da fraude, que ficou conhecida como “Grampolândia”.

Em 2010, quando Alexandre Bustamante ocupava o cargo de Secretário-Adjunto da Sesp-MT, houve a realização de uma “parceria” entre o MPE-MT e o Poder Executivo Estadual. Segundo o órgão ministerial, um termo de cessão de uso das placas foi expedido para oficializar o “empréstimo”. Bustamante, porém, revelou que pediu o “recibo” da entrega do hardware ao Procurador-Geral de Justiça, José Antonio Borges Pereira, que ainda não respondeu a solicitação.

Ele analisou que essas placas podem nem mesmo “ter vindo” à Sesp-MT, além de revelar que nunca houve cobrança do MPE-MT sobre o hardware e também garantir que os produtos, atualmente, não se encontram na Secretaria.

“O Ministério Público ainda está procurando os recibos por lá. Pode ter vindo essa placa e pode não ter vindo essa placa. De 2010 não tem nenhuma cobrança do Ministério Público solicitando a devolução dessas placas. Eu acredito na organização do Ministério Público. Se não há cobrança de solicitação para a devolução elas podem nem ter vindo. Essas placas não estão na Secretaria de Segurança Pública hoje”, explicou ele.

A informação pode complicar o MPE-MT, que tenta se “desvincular” da “Grampolândia” – apesar da suspeita de ter se valido das escutas feitas pelos policiais militares para promover operações, ou mesmo utilizar os áudios como forma de pressão política e institucional.

LOCALIZAÇÃO

Bustamante também deu “dicas” de como localizar a origem das interceptações telefônicas em razão da existência de dois sistemas de “grampos” – um oficial, utilizado em investigações e inquéritos não fraudulentos, denominado “Guardião”, e aquele que era operacionalizado pelos policiais militares, conhecido como “Sentinela”. Segundo ele, basta solicitar às operadoras de telefonia o “rastreamento” do sinal, possibilitando, assim, a origem das escutas.

“É totalmente factível conseguir essa prova. É só pedir um relatório para a empresa que vai falar em que sinal foi desviado e para onde”.

GRAMPOS

Os grampos ilegais tornaram-se públicos após a veiculação de duas reportagens do Fantástico. Jornalistas, médicos, advogados, políticos e até uma ex-amante do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques (primo do ex-governador Pedro Taques) sofreram interceptações telefônicas clandestinas que teriam sido feitas por policiais militares. O caso é conhecido como “barriga de aluguel”, onde pessoas que não são investigadas ou denunciadas sofrem os grampos, por interesses pessoais, ao lado dos verdadeiros suspeitos de investigações policiais.

Além de Zaqueu Barbosa – preso 9 dias após a veiculação da reportagem no Fantástico, que foi ao ar em 14 de maio de 2017 -, o cabo PM Gerson Luiz Ferreira, acusado de ser o operador da central clandestina, também teve mandado de prisão cumprido. Ambos já se encontram em liberdade.

 


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