Os consultores ambientais Décio Siebert, ex-presidente do Comitê do Rio Sepotuba, e Jair Kotz, responsável pela implantação do programa “Cultivando Água Boa”, na região de Itaipu, no Paraná, principal projeto ambiental de recuperação de microbacias do Brasil estiveram esta semana no Programa Primeira Hora, na Rádio Serra FM e, em conversa com o apresentador Sílvio Sommavilla, confirmaram a possibilidade de implantação do Programa Cultivando Água Boa em Tangará da Serra.
“O que a gente tem que entender é que antes de estarmos ocupando esse território, aqui era uma floresta e por muitos e muitos anos, a chuva, tal qual como hoje, caia e realmente infiltrava. A partir do momento que ocupamos o território, mudamos essa configuração e assim temos que fazer outras ações para que aquilo que ocorria naturalmente, continue ocorrendo. Nós, enquanto seres humanos, precisamos realizar ações para que a gente tenha essa resiliência que a natureza tinha naturalmente. Isso foi feito no Paraná, através do Projeto Cultivando Água Boa, porque detectamos do mesmo modo que aqui, que a água cai e vai embora”, contextualizou Jair Kotz, ao confirmar a intenção do Executivo Municipal para o programa.
A implantação do programa já foi indicado pelo ex-vereador Silvio Sommavilla, mas sem sucesso no andamento por parte do Executivo Municipal. “Desde 2013 estamos alertando para isso (…) e nada foi feito”, completou Décio Siebert, que junto com Sommavilla, trabalhou nesta apresentação.
“Alertamos para necessidade, há época, de realizarmos ações exatamente já prevendo o que os cenários apontam e que se confirmam agora, infelizmente, na questão da necessidade da gestão das águas de tal maneira que a gente conserve, retenha, e leve ao lençol freático toda essa pluviosidade que nós ainda temos na região, mas que há uma tendência de haver alterações a médio e longo prazo”, acrescentou Kotz.
Para o professor Kotz, um dos maiores desafios da próxima gestão municipal será promover ações que visem a conservação das microbacias, para dar segurança hídrica à população e evitar que problemas como o que ocorre hoje em Tangará da Serra não volte a acontecer.
“E hoje, mais do que nunca, essa vontade está evidente (…) e tomando em consideração esse cenário, o aumento da população e maior demanda por água, precisamos tomar ações para que tenhamos esse ativo disponível não somente hoje, mas também amanhã e para as gerações futuras”.
Se implantado em janeiro, o professor afirma que os resultados começarão a aparecer logo no primeiro ano. “Os resultados não aparecerão da noite para o dia, porque chegamos numa situação extrema (…) se tivéssemos tomado atitudes há alguns anos, não estaríamos nessa situação, obviamente. Mas começando o programa Cultivando Água Boa, que são diversas ações que se implementam, podemos colher resultados no primeiro ano. Obviamente que resultados consolidados, que vão mostrar perenidade, efetividade, precisamos de mais tempo e estamos falando de todo um processo de retenção das águas dentro das nossas microbacias, principalmente das bacias que oferecem água a população”.
Especialistas contribuirão com o Município na recuperação dos rios
Décio Siebert, ex-presidente do Comitê do Rio Sepotuba, e Jair Kotz, responsável pela implantação do programa “Cultivando Água Boa” acompanharam o prefeito eleito Vander Masson (PSDB) no último domingo, 29, em visita a microbacia do Rio Queima Pé, desde a nascente do rio até a região da ETA.
Eles auxiliam Vander na criação de políticas públicas que resolvam o problema de abastecimento de água da cidade e ao mesmo tempo apresentam alternativas de recuperação e conservação dos rios, com o uso correto da água e do solo. “Se não fizermos nada podemos nos tornar inviáveis, na ocupação do território onde não teremos mais água. De que maneira vamos produzir num território que não teremos mais água?. E quanto maior o calor, maior a necessidade de umidade, de água. Seria um cenário trágico”, garante Kotz.
A microbacia do Queima Pé abastece Tangará com água desde a década de 1990, quando foi implantada a Estação de Tratamento de Água (ETA) na região da Vila Esmeralda. Todavia, ao longo de quase trinta anos pouco foi feito para recuperar a nascente, as margens do ribeirão, com ações de recuperação ambiental, uso de solo e conservação dos afluentes.