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GERAL Segunda-feira, 12 de Agosto de 2019, 10:12 - A | A

Segunda-feira, 12 de Agosto de 2019, 10h:12 - A | A

"ESTOU NO AUGE"

“Podem não votar em mim, mas estão reconhecendo meu trabalho"

MidiaNews

Eu estou no auge da minha vida pública, no ápice. Pensa em um homem feliz e realizado. Sou eu. Cada dia que exerço meu mandato, cada dia que entro nesse gabinete, eu só agradeço a Deus por essa oportunidade”. A declaração é do prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB).

Entusiasmado enquanto mostrava projetos de obras para a “reta final” de sua gestão, ele falou um pouco sobre medidas de ajuste fiscal que devem ser anunciadas a partir da próxima semana, do desempenho de seu secretariado – onde não estão descartadas algumas mudanças – e também sobre sua proximidade com os bairros e a população mais carente, o que ele classifica como principal marca de sua administração.

 
 

 

A disputa à reeleição, que para muitos é tida como certa, também esteve entre os assuntos da conversa com o prefeito. Mesmo adotando um discurso de que ainda não há qualquer definição nesse sentido, Emanuel deixa transparecer sua vontade em encarar novamente as urnas.

 

Todavia, ele lembra que de um lado há o posicionamento bastante firme de sua esposa, a primeira-dama Marcia Pinheiro, que é contra uma nova disputa. E, de outro, um grande grupo de partidos que o estimula a tentar um novo mandato.

Você pode não gostar de mim, mas dizer que não estou trabalhando para melhorar a cidade e a vida das pessoas? Você estaria sendo injusto. Podem não gostar, não votar em mim, mas as pessoas estão reconhecendo que estou trabalhando muito

 

“A Márcia é bem transparente, ela não quer mesmo. Ela fala em casa, ela fala pra vocês, para os amigos. Ela me pede e fica desconfiada, porque ela já está achando que eu quero ser [candidato]. Mas não é que eu quero ser é que, além de tudo, sou apaixonado pela política, pela vida pública. Eu estou nas nuvens. E ela sabe disso e fica me querendo trazer pro chão”, disse Emanuel.

 

“Mas, está todo mundo vendo que eu estou trabalhando, todo mundo vendo que a cidade está melhorando. Você pode não gostar de mim, mas dizer que não estou trabalhando para melhorar a cidade e a vida das pessoas? Você estaria sendo injusto. Podem não gostar, não votar em mim, mas as pessoas estão reconhecendo que estou trabalhando muito. E os partidos políticos reproduzem o meio social em que eles vivem. Está uma avalanche. Aí eu falo pra Márcia: 'O que vou fazer com isso aqui?'”, brincou o prefeito.

 

Ainda durante a entrevista, Emanuel falou de sua relação com o governador Mauro Mendes (DEM). Segundo o prefeito, ao menos no que depender dele, podem esquecer as recentes trocas de farpas e estranhamento entre eles.

 

“Sempre tivemos uma ótima relação. De uns tempos pra cá é que teve essas rusgas, acho que até muito mais fabricada por outros interesses do que rusga real mesmo. Por isso que lancei o ‘Emanuel paz e amor’ essa semana. Estou em outra vibe, outro astral, estou zen nessa relação política com o Mauro".

 

"Quero ajudar muito o Mauro a superar os problemas e obstáculos que é natural que ele esteja enfrentando como governador do Estado. Coloco-me à disposição para isso. Como também gostaria que ele se colocasse à disposição para me ajudar a superar os problemas e obstáculos que tenho como prefeito de Cuiabá. Cuiabá precisa dessa união”, disse o emedebista.

 

Confira os principais trechos da entrevista:

MidiaNews – O senhor anunciou na última semana que vai encaminhar à Câmara o projeto de minirreforma administrativa. Isso significa que está prevendo algum cenário de dificuldade para o final da gestão?

 

Emanuel Pinheiro – Ajuste fiscal. Desde o primeiro dia do meu mandato sempre prezei pelo equilíbrio das contas públicas, pela responsabilidade fiscal e pelo ajuste fiscal mesmo. O bom equilíbrio entre receitas e despesas é como o "‘bê-a-bá" de toda gestão para ter êxito e sucesso. Pode ver que com todas as dificuldades de caixa que os municípios enfrentam no País inteiro, Cuiabá é um canteiro de obras, muitas delas com financiamento e muitas com recursos próprios. Obras que impactam verdadeiramente na qualidade de vida da população.

 

Então, como falta um ano e meio para terminar a gestão, não quero que o bonde saia dos trilhos. A ideia é manter as entregas, honrar os compromissos assumidos com a população, sem desequilibrar as contas públicas. É uma medida de ajuste mesmo, adequar a máquina às minhas prioridades, meus compromissos de campanha.  

 

MidiaNews – Pensando nessas adequações e prioridades, já tem em mente o que deve ser feito. Passa pela fusão de secretarias, extinção, criação?

 

Vamos entregar o mandato mantendo a dinâmica da gestão e respeitando a responsabilidade fiscal

Emanuel Pinheiro – Pode haver fusão, extinção, criação. Mas o que é mais importante: tudo mantendo o equilíbrio fiscal. Ou seja, mesmo criando uma secretaria a mais, minha equipe econômica tem como meta – isso estará contido na minirreforma - diminuir em até 5% o custeio da máquina. Fazer mais com menos ou pelo menos fazer mais com o mesmo. Vamos entregar o mandato mantendo a dinâmica da gestão e respeitando a responsabilidade fiscal. 

 

A gestão vem caminhando bem, contas em dia, salários rigorosamente em dia, RGA honrada, todos direitos dos servidores públicos reconhecidos e honrados, prestadores de serviço também com pagamento em dia. Apenas na Saúde, devido àquele atraso histórico do repasse do Estado de R$ 60 milhões, tenho um problema maior. Mesmo assim procuramos manter uma boa relação com fornecedores e prestadores de serviço para que continuem com essa parceria e confiança com a Prefeitura de Cuiabá.

 

MidiaNews – Essa minirreforma passa pela extinção da SEC 300 ou ela segue até o final da gestão?

 

Emanuel Pinheiro – Na lei, ela tem prazo de validade, vai até 31 de dezembro de 2020. Ela cumpriu a primeira etapa de sua missão, que era até o aniversário de Cuiabá. Agora estou estudando o formato. Tem um formato que quero deixar como legado para discutir junto com o IPDU [Instituto e Planejamento e Desenvolvimento Urbano], deixar o preparativo de um estudo pensando Cuiabá para daqui a 30 anos e que penso que seria ideal o IPDU fazer isso juntamente com a SEC 300. Mas tudo isso devo definir no final de semana agora [a entrevista foi dada na tarde de quinta-feira, 8].

 

MidiaNews – Em relação ao staff, o senhor também pensa em mudanças? Exoneração de secretários, algumas mexidas na equipe. Há, inclusive, a questão do secretário de Saúde Luiz Antônio Possas de Carvalho, que também responde pela Procuradoria do Município. O senhor já disse que o período de interinidade na Saúde se estendeu mais do que deveria. Como fica essa situação?

 

Emanuel Pinheiro – A interinidade do Possas vinha até julho. Ele é procurador. Houve um problema na Saúde [Operação Sangria], tive que exonerar o Huark Douglas. Para não perder o foco e manter o trabalho na Saúde – especialmente com a entrega no Hospital Municipal de Cuiabá–, chamei o procurador para responder pela pasta de Saúde por uma interinidade, que na minha cabeça eram seis meses. Asseguramos a estabilidade, agora chega. Vou decidir onde ele fica. Isso deve gerar algumas mexidas aí. Ele fica em uma das duas, pode também ir para outra. Estou avaliando.

 

MidiaNews – De um modo geral, está satisfeito com o desempenho dos secretários?

 

[Os secretários] são todos comprometidos, dedicados, leais e entenderam a alma da gestão. Tão importante quanto as determinações do prefeito, está entender a alma do prefeito: que é a humanização

Emanuel Pinheiro – Sim. Toda equipe você sempre precisa ajustar aqui ou acolá. Isso é natural. Mas estou bem satisfeito, são todos comprometidos, dedicados, leais e entenderam a alma da gestão. Tão importante quanto as determinações do prefeito, está entender a alma do prefeito: que é a humanização, a qualidade de vida, pensar nas pessoas, nos mais carentes. Secretário que trabalha com Emanuel Pinheiro tem que gostar de gente, de povo, tem que ser humano. Tem que entender o que quero dizer quando falo em humanização, porque gosto tanto desse contato corpo a corpo, porque gosto tanto de estar nas ruas, nos bairros. Isso a minha equipe tem absorvido bem.

 

MidiaNews – Muitas pessoas ressaltam essa proximidade que o senhor tem com as bases, esse contato mais próximo com a população, essa presença nos bairros. O senhor vê isso como um diferencial? Se fosse para classificar sua gestão, de que forma seria?

 

Emanuel Pinheiro – Acredito que esse é o diferencial. Nossa administração é uma gestão de realização, que pensa Cuiabá para o presente e construindo o futuro. Me preocupo desde os pequenos detalhes, como requalificar uma praça pequena que está ali em um bairro, até as grandes obras como, por exemplo, o Contorno Leste, o Hospital Municipal e tantas obras estruturantes que serão balizadoras de nossa gestão.

 

O que quero deixar como maior legado da minha administração é esse prefeito corpo a corpo. Esse prefeito que gosta das pessoas, de estar junto da população, que é nitroglicerina pura. Não sou cartesiano, não sou matemática, sou ciências humanas. Gosto do envolvimento, do abraço, do contato direto. Nada me deixa mais realizado e feliz do que estar nos bairros, entregando obras, lançando obras, almoçando nas comunidades. Sinto necessidade e sinto que as pessoas sentem necessidade desse contato olho no olho com seu prefeito. Esse acho que é o grande diferencial. Lá nas pessoas é que me inspiro a acertar mais, errar menos. Na ponta que está a grande sabedoria, o melhor programa de governo você tira das bases, das pessoas mais humildes.

 

Sou prefeito dos 700 mil cuiabanos, tenho orgulho disso. Mas a prioridade da minha gestão são os mais carentes, os menos favorecidos, promover a inclusão e a justiça social, fazer a Prefeitura chegar mais próximo dos bairros, cujos moradores só veem o que é bom quando vêm para o centro da cidade. Não! Quero nivelar por cima o conceito de bom. O que é público tem que ser bom. Por isso quando estou vendo uma obra, olho cada detalhe. Não é porque é público que tem que ser porcaria. Pode até discutir o preço, mas tem que ser bom. Tem que ser referência. Você tem obrigação de oferecer algo de qualidade à população, principalmente na Saúde, que é o momento mais vulnerável na vida de um ser humano. Tenho que dar um alento, exemplo de atendimento, mostrar que o prefeito é acessível, que está preocupado com você, que está perto de você. Por isso que meus secretários penam comigo. Não aceito atender mal, tratar mal, não aceito negligência. Se eu não sou assim, por que meu secretário vai ser?

 

Você tem que ter sensibilidade, gostar de conversar. Eu sou assim: se desse eu ficava o dia inteiro nos bairros. Eu parei domingo um pouco porque tive que prometer para a [primeira-dama] Marcia que domingo eu iria ficar mais em casa.

 

 

MidiaNews – O senhor lançou recentemente dois concursos públicos. O Município não corre o risco de estourar o limite de gastos com folha de pagamento?

 

Emanuel Pinheiro – Educação e Saúde [esta última um pouco mais difícil por conta do déficit dos R$ 60 milhões que o Estado deve e não tem perspectiva de pagamento]. Minha determinação é que essas duas áreas têm que andar com as próprias pernas, deixar de depender da Fonte 100. Vão produzir para receber. Então, façam a gestão interna, me apresentam e vocês têm que pagar o salário de vocês, fazer as principais demandas e a Prefeitura entra só para fazer o que é obrigação de Fonte 100 ou alguma coisa extra. Esse é um exercício constante.

 

O concurso da Educação tem 2 mil vagas, um dos maiores que já houve e vem com todo o respaldo da LRF [Lei de Responsabilidade Fiscal] Não vai impactar muito do que já está a folha. Está tudo dentro de um parâmetro normal de equilíbrio fiscal que não vai comprometer as contas públicas. Na Assistência Social também, são quase 600 vagas. Precisa do concurso. Lá nunca teve. Se pegar na ponta da caneta, entre os contratados e efetivos, não é muita diferença. Vamos substituir, não vamos dobrar.

 

Tenho o maior respeito pelos sete conselheiros, pelos técnicos do TCE

MidiaNews – O Tribunal de Contas do Estado (TCE) notificou a Prefeitura com relação à LRF, porque o município ultrapassou o limite prudencial de gastos com pessoal. Como vai lidar com isso, tendo em vista que o senhor vem concedendo reajustes como a RGA, por exemplo?

 

Emanuel Pinheiro – Não tem problema. Foi apenas um alerta, que é uma praxe do TCE quando você chega perto do limite prudencial. Então, estou longe do estouro. E, se algumas visões técnicas que meu comitê de ajuste fiscal já detectou, for mostrado e comprovado para o TCE, vamos até cair mais ainda. Porque há uma divergência de interpretação da LRF da minha equipe e da equipe técnica do TCE. Estamos discutindo ainda. Estamos num terreno seguro. Claro, não tem dinheiro sobrando, as coisas não estão fáceis. Mas longe de extrapolar limite, longe de comprometer as finanças. Tanto que paguei RGA, tanto que paguei RGA da Educação. Estou honrando aquilo que considero que não se deve discutir, que é a conquista dos servidores públicos. Tudo com responsabilidade e equilíbrio fiscal. Não adianta comprometer o tesouro municipal, se não vou dar conta de pagar lá na frente. Tudo tem uma responsabilidade muito grande, até porque não quero deixar nenhuma bomba de efeito retardado para o meu sucessor.

 

MidiaNews – Nos últimos meses nós notamos uma série de decisões do TCE contra atos da administração (questionou o aluguel do prédio da Secretaria dos 300 anos, barrou a licitação do transporte municipal, vetou parte dos pagamentos do premio-saúde). Há algum tipo de “barbeiragem” jurídica por parte de sua equipe? Ou atribui isso a algum tipo de "perseguição" do TCE?

 

Emanuel Pinheiro – O TCE é um órgão de controle externo, é o trabalho deles. Tenho o maior respeito pelos sete conselheiros, pelos técnicos do TCE. Quero fazer uma gestão em sintonia com o TCE, com o MPE, com a Controladoria Geral do Município, porque eu quero acertar. Então, onde há a necessidade de ser corrigido, não tem problema nenhum. Onde não há, tenho que chegar e mostrar: nós estamos certos, vocês podem estar equivocados. Vejo isso como uma oportunidade que tenho de acertar mais.

 

MidiaNews – O senhor não vê nenhum tipo de excesso por parte dos conselheiros?

 

Emanuel Pinheiro – Talvez uma situação ou outra, mas nada de excesso. Acho que é a função deles. Estão cumprindo seu papel.

 

 

MidiaNews – Falando sobre esse ritmo intenso de entrega de obras que o senhor já mencionou, para muitas pessoas essa já é uma sinalização de que o senhor vai sair à reeleição. O que falta para ter essa definição? É seu desejo sair a uma nova disputa?

 

Emanuel Pinheiro – O ritmo de entrega é o ritmo que impus a gestão. Se estou entregando agora é porque plantei lá atrás. Não tem nada a ver com a reeleição. Estou cumprindo meu compromisso com a população cuiabana. E vai ter muita coisa ainda, de um ritmo alucinante de entregas de obras, de ações, projetos aqui na nossa Capital. Isso visa única e exclusivamente melhorar nossa cidade, melhorar a qualidade de vida da população.

 

Se não tivesse eleição ano que vem, eu faria do mesmo jeito. Se você parar para pensar, a minha gestão inteirinha foi assim. Acredito que, em função da proximidade das eleições, vocês notam mais. Porque quem mora em Cuiabá está vendo meu esforço, trabalhando muito para solucionar os problemas de Cuiabá e melhorar a vida das pessoas, melhorar a nossa cidade.

Eu estou no auge da minha vida pública, no ápice. Pensa em um homem feliz e realizado. Sou eu.

 

Eu estou no auge da minha vida pública, no ápice. Pensa em um homem feliz e realizado. Sou eu. Cada dia que exerço meu mandato, cada dia que entro nesse gabinete, eu só agradeço a Deus essa oportunidade. Ser prefeito de Cuiabá está sendo uma benção tão grande. Faço com a maior alegria do mundo. Faço o que gosto, durmo todo dia 3 horas da manhã, acordo 6 horas, 7 horas, e não tenho vontade de dormir. Só conversando, discutindo Cuiabá.

 

Eu sou muito empolgado. Amo ser prefeito de Cuiabá, é uma dádiva de Deus, uma benevolência do povo cuiabano que me permitiu ser prefeito da terra que nasci, nos 300 anos da cidade. Tudo isso pra mim é muito emblemático. Pra mim, é até espiritual, encaro assim. Quero fazer as entregas e o resto é consequência.

 

O senhor é candidato? Sinceramente não sou, primeiro porque a Márcia não quer que eu saia. Ela acha que tenho que entregar com chave de ouro o mandato. E ela tem me ajudado muito, como foi o caso do casamento social que fizemos agora, que ela esteve à frente, ela idealizou e em que realizamos o sonho de 300 casais. São coisas que não estão no plano de governo, que não fiz esse compromisso com a população. Mas tudo que eu puder fazer a mais para melhorar, principalmente a vida de quem precisa, vou fazer.

 

 

MidiaNews – Tem muita gente dizendo que essa questão da primeira-dama – de que ela seria contra à reeleição – seria apenas um discurso para evitar antecipação do processo eleitoral.

 

Emanuel Pinheiro – Não. A Márcia ela é bem transparente, ela não quer mesmo. Ela fala em casa, ela fala pra vocês, para os amigos. Ela me pede e ela fica desconfiada, porque ela já está achando que eu quero ser. Mas não é que eu quero ser. Eu sou assim mesmo. Sou, além de tudo, apaixonado pela política, pela vida pública. Eu estou nas nuvens. E ela sabe disso e fica me querendo trazer pro chão.

 

Por isso que digo a vocês que não sei. Hoje estou mais para não ser candidato, do que ser. Mas vamos ver, dar tempo ao tempo. Como que eu faço com os partidos? Querem me apoiar. Na próxima semana, por exemplo, a direção nacional de um partido vai anunciar que quer me apoiar, uma grande liderança nacional.

 

Está todo mundo vendo que eu estou trabalhando, todo mundo vendo que a cidade está melhorando. Você pode não gostar de mim, agora dizer que não estou trabalhando para melhorar a cidade e a vida das pessoas, você estaria sendo injusto. Pode não gostar, não votar em mim, mas as pessoas estão reconhecendo que estou trabalhando muito. E os partidos políticos reproduzem o meio social em que eles vivem. Está uma avalanche. Aí eu falo pra Márcia: o que vou fazer com isso aqui?

 

MidiaNews –  E, tendo a vontade de sair à reeleição, de que forma pretende convencê-la?

 

Eu falo pra ela [Márcia Pinheiro] que estou na vida pública a vida inteira. Isso é uma tentativa de convencimento. Mas acho que não deu muito certo ainda não

Emanuel Pinheiro – Eu falo pra ela que estou na vida pública a vida inteira. Isso é uma tentativa de convencimento. Mas acho que não deu muito certo ainda não. Eu falo: "Márcia, você quer tirar o peixe fora d’água? Tira um peixe fora d’água e veja se ele sobrevive". Sou eu se sair da vida pública. É você me tirar o ar que eu respiro. Vai me podar e eu vou fazer o que? Ser professor, advogado? Tá bom. Eu digo a ela que ela vai ter um marido infeliz ao lado. Não estou dizendo que quero ser candidato não, mas é a boa política em casa que eu converso.

 

Posso não ser. Mas o que eu vou fazer com esses partidos todos? Isso é um patrimônio, podem escrever: vai ser um dos maiores grupos políticos da história de Cuiabá. Já tenho 11 partidos hoje que me apoiam. Querem minha candidatura. Se não for eu o candidato, aí eles vão repensar. E os partidos que, em tese não estão comigo, têm lideranças que querem me apoiar. Isso, pra mim, é uma realização, mostra que estou no caminho certo. Estão percebendo que reconhecendo que estou trabalhando muito, me esforçando muito e algumas coisas estão mudando em Cuiabá.

 

MidiaNews – O senhor teme um desgaste que a reeleição pode trazer para sua imagem, para a imagem de sua família?

 

Emanuel Pinheiro – Eleição é isso mesmo. Mas eu nem pensei nisso. Estou tão focado no mandato, que não pensei nisso. Eu sei como é eleição. Tem gente que inventa, infelizmente tem baixarias, agressões, fake news... Mas não penso em eleição. A imprensa e os partidos políticos pensam mais em eleição do que eu.

 

MidiaNews – Ainda sobre um possível desgaste, saindo candidato, os seus adversários devem explorar muito - durante a campanha eleitoral - aquele vídeo do “paletó”. O senhor está preparado pra isso?

 

Emanuel Pinheiro – Isso é um samba de uma nota só. Não tem o que falar da minha gestão, não tem uma oposição mais consistente, mais séria à nossa gestão. Nossa administração está se esforçando muito para avançar, melhorar a vida das pessoas, mantendo o equilíbrio fiscal, é uma gestão que está indo bem. Não tendo o que falar, se remetem a esse passado – que eu já falei que vou provar que não tenho nada a ver com aquele contexto.

 

Já fiz meu depoimento à Polícia Federal ano passado e, com a graça de deus, vai chegar o momento no processo que é o foro competente para comprovar que não tenho nada a ver com esse mar de lama que me evolveram. Isso será provado e quero que isso seja, não um desabafo, mas que sirva de uma resposta à sociedade. Mas essa resposta eu só posso dar na Justiça.

 

A Polícia Federal está com todos os documentos e provas que tenho que mostram que não tenho nada a ver com aquele mar de lama que me envolveram. São imagens lamentáveis. Já tive a oportunidade de pedir desculpas à população cuiabana pela imagem. Não pelo contexto que quiseram me envolver. A narrativa do contexto da imagem é uma injustiça, uma violência contra mim e eu vou provar na Justiça. Agora, não abro mão que nada abale minha missão de ser prefeito de Cuiabá. No mais, esse é um samba de uma nota só, uma coisa que, se eu for candidato, os adversários vão tentar usar e vão continuar nisso, porque não acham na gestão – e eu trabalho muito para que isso não ocorra – nada que denigra a gestão Emanuel Pinheiro. Absolutamente nada. Eu vou dar tempo ao tempo.

 

 

MidiaNews – E na possibilidade de não sair candidato, passa em sua cabeça algum nome que o senhor poderia vir a apoiar?

 

Emanuel Pinheiro – Teria que buscar um nome que simbolize esse novo momento. Um nome que ame Cuiabá mais do que eu, nós não vamos achar. Pode ser igual. Tem que ser alguém que goste da cidade, que continue esse trabalho de humanização. É um legado. Quero deixar um legado.

 

O político, o gestor é humano. Não é porque é prefeito que está acima de tudo, não tem sentimento, não tem emoção. Não. A palavra amor, carinho, humanização cabe na boca de um político, cabe na boca de um gestor. E você não vê político falando isso. Só fala em números, estatísticas, decisões. Não. Quero mostrar as pessoas que, como gestor, pode contar comigo. Quero ajudar. Tem um prefeito "paizão" aqui. O que eu posso fazer para melhorar sua vida? Essa emoção, essa sensibilidade é o maior legado da minha gestão. Quero ser lembrado como tocador de obras e um tocador de almas. Um prefeito que sensibilizou a sociedade, que mostrou que é possível ter um gestor humano, emotivo, que coloca os sentimentos em cima da razão.

 

MidiaNews – O senhor teme enfrentar um candidato do Governo do Estado? Ou vê como possível ter o governador Mauro Mendes em seu palanque?

 

Emanuel Pinheiro – Costumo dizer que eu escolho aliados e não adversários. A Prefeitura da Capital é o segundo cargo mais importante na estrutura política administrativa do Estado. Então, é natural que os grupos políticos se articulem para seus projetos e para a busca do poder.

 

Eu fui coordenador da campanha do Mauro, sempre tivemos uma ótima relação. De uns tempos pra cá é que teve essas rusgas. Acho que até muito mais fabricada por outros interesses do que rusga real mesmo. Por isso que lancei o “Emanuel paz e amor” essa semana. Estou em outra vibe, outro astral,  estou zen nessa relação política com o Mauro. Quero ajudar muito o Mauro a superar os problemas e obstáculos, que é natural que ele esteja enfrentando como governador do Estado. Coloco-me à disposição para isso. Como também gostaria que ele se colocasse à disposição para me ajudar a superar os problemas e obstáculos que tenho como prefeito de Cuiabá. Cuiabá precisa dessa união.



MidiaNews – Ele tem ajudado pouco Cuiabá?

 

Pedi ao Mauro passar para o município a Ilha da Banana é uma coisa tipicamente municipal, local. O Estado tem que pensar em coisas maiores. Eu, como prefeito, não posso deixar aquilo daquela forma

Emanuel Pinheiro – Até agora não teve tempo também. Não vamos cobrar assim. Único pedido que fiz pra ele agora foi que quero a Ilha da Banana para Prefeitura. Precisamos resolver essa situação de lá, porque está uma coisa horrorosa, parece uma cidade em ruínas. Pedi ao Mauro passar para o município.

 

A Ilha da Banana é uma coisa tipicamente municipal, local. O Estado tem que pensar em coisas maiores. Eu, como prefeito, não posso deixar aquilo daquela forma. Quero arrumar lá. Vou começar uma ação pesada agora de requalificação do que eu chamo de “Triângulo Histórico”, que é o Beco do Candeeiro, Morro da Luz e Ilha da Banana. Foi o único pedido que fiz ao Mauro: passa a Ilha da Banana com todo ônus e bônus e fazemos juntos, pra embelezar, fazer aquilo ali ser top de linha. Ele ficou de pensar.

 

E de uma maneira geral, os repasses da Saúde estão em dia – o do passado ele não se comprometeu -, mas vamos dar um tempo a ele.

 

MidiaNews – Entre as obras que o senhor defende para a cidade está a do VLT. Nesta semana, o vice-prefeito Niuan Ribeiro intensificou as criticas em relação ao modal, o classificou como “trem fantasma”. Como o senhor vê essa declaração dele? Isso mostra de certa forma um distanciamento de vocês dois?     

  

Emanuel Pinheiro – Vejo como uma opinião pessoal. O VLT suscita opiniões, suscita polêmicas. É uma opinião dele, mas sem nenhuma interferência na gestão. É uma opinião pessoal, que eu tenho que respeitar. A gestão segue apoiando o VLT porque entendo que é um mote de transformação, de desenvolvimento urbano, econômico e social.

 

MidiaNews – O vice-prefeito vem se articulando para trocar de partido e já deu declarações sinalizando que não descarta a possibilidade de se lançar candidato a prefeito. Ocorrendo isso, o senhor consideraria uma traição?

 

Emanuel Pinheiro – Normal. Todo mundo tem direito de ser candidato.

 

 

MidiaNews – Mas não seria mais coerente, então, ele deixar a gestão?

 

Emanuel Pinheiro – Aí eu acho que tem que partir dele. Agora, o fato de tentar construir uma candidatura, não vejo problema. Até porque, eu também não sei se vou ser candidato, então, não posso tolher ninguém de construir sua candidatura. É um direito dele. Até porque, se eu não for candidato, ele vai perder a oportunidade de tentar preparar uma candidatura dele?

 

MidiaNews – Mas como está a relação de vocês?

 

Emanuel Pinheiro – Boa. Eu gosto muito do Niuan. E ele tem direito de opinar, divergir. Tenho que respeitar. E, quanto à candidatura, não posso cobrar nada de ninguém. Até porque não decide ainda. Nem lá em casa tem consenso. Lá em casa está 3x1. Mas o voto da Márcia vale por quatro. Eu falo assim: "Mas é 3x1 pra ficar na política".  

 

MidiaNews – Nesta semana o senhor disse que a primeira-dama recebeu um convite para filiar-se a uma sigla e participar de um processo eleitoral. Não pode dar mais detalhes, que partido é esse? Ela tem intenção de concorrer a algum cargo?

 

Emanuel Pinheiro – Ficou esse combinado pra não falar. Ai que digo pra você, porque eu fico feliz. Está dando tudo tão certo, as pessoas estão observando a gestão. Estão observando o trabalho da Márcia na Assistência Social, voluntariado, ela está sabendo articular a credibilidade da gestão e dela e conseguindo atrair a iniciativa privada para as ações dela. Seja "Natal sem Fome", "Aquece Cuiabá", "Casamento Social", enfim, tudo em parceria com iniciativa privada.

 

Aí as pessoas já acham, mulher do Emanuel Pinheiro, já tem o Emanuelzinho, aí pode ter a primeira-dama também. A Márcia tem esse dom natural, mas para ser candidata não penso. Hoje não. Pode ser mais a frente. E a filiação ao partido vamos avaliar. Eu no MDB, o Emanuelzinho no PTB, e ela nesse outro. Mas não vou falar agora, porque se não vão achar que estou provocando.



MidiaNews – Quanto a possibilidade de o deputado Emanuelzinho disputar a prefeitura de Várzea Grande, como está esse assunto? Ele está pensando nessa possibilidade?

 

Emanuel Pinheiro – Na minha opinião, está muito cedo. Só se for coisa de Deus. Ele tem 24 anos, está novo. Acabou de ser eleito deputado federal e há muita coisa pra passar debaixo da ponte. Então, vamos ver.

 

A gente conversa muito. Eu sinto que ele está gostando muito de ser deputado federal, o que já é bom. Ele pegou na partida e tem que desenvolver um grande mandato, a partir da Baixada Cuiabana, que é a casa dele e desenvolver o trabalho dele pelo Estado. Mas ele não foge da raia, se precisar. Mas vejo que o mais sensato é ele continuar sendo federal.   


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