O delegado Rafael Scatalon não faz mais parte da força-tarefa que investiga o esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso, batizado de "Grampolândia Pantaneira". A informação de bastidores é de que há uma crise dentro do grupo de trabalho.
De maneira oficial, entretanto, a determinação foi dada pelo delegado-geral da Polícia Judiciária Civil (PJC) no Estado, Gianmarco Paccola Capoani, e teve como objetivo realocar Scatalon para a Delegacia Fazendária (Defaz) somente para reforçá-la, pois há déficit de pessoal na região metropolitana de Cuiabá, devido a licenças médicas, licenças-prêmio e férias. O próprio Capolla substitui o delegado geral Mário Dermeval Aravechia de Resende por um desses motivos.
Porém, o motivo para a saída de Scatallon pode ser outro. Na última semana, vazou a informação de que uma foto em que o delegado aparece com testemunhas arroladas pelo ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, teria gerado uma "crise" com os demais responsáveis pela investigação. Além de divergências com as delegadas Jannira Siqueira Moura e Luciana Canaverde na condução das investigações, a foto teria irritado o juiz Jorge Luís Tadeu Rodrigues, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá.
Motivado pelo desagrado, Tadeu teria convocado Rafael Scatalon a ir até a Sétima Vara para explicar-se para tratar do assunto junto ao magistrado na terça-feira (13). Um dia antes, ele se reunira com o delegado geral e Jannira Siqueira Moura.
Após a divulgação da foto, o delegado-geral licenciado Mário Demerval teria "bancado" Scatalon no comando das investigações. Contudo, internamente o clima se tornaria “insustentável”.
SUBSTITUIÇÃO
Apesar da posição oficial de que a mudança se deu em razão do déficit de delegados na Baixada Cuiabana, a PJC admite a inclusão de um novo delegado na "força tarefa" da Grampolândia. O nome mais cotado é da delegada Ana Cristina Feldner, que comandou as investigações até outubro de 2017, quando elas foram "avocadas" pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Feldner está em licença maternidade, que acaba nos próximos dias. A delegada foi responsável, ao lado de Flávio Stringuetta, pelas investigações que resultaram nas principais operações relacionadas ao caso.
Foi responsável pelos pedidos de prisão preventiva de autoridades, como o próprio Rogers Jarbas, o ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Benedito Siqueira Junior, do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, do coronel Evandro Lesco e de um grupo de militares que planejava "obstruir as investigações" através de um plano para colocar o desembargador Orlando Perri sob suspeição.
ANDAMENTO
Os delegados solicitaram mais prazo para a conclusão das investigações dos nove inquéritos desde o início do mês. Entre estes procedimentos está o que apura virtual participação do ex-governador Pedro Taques (PSDB) no esquema.
Ele seria o mandante e financiador da grampolândia contra adversários políticos e ou quaisquer desafetos pessoais dele e do seu primo e ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Zamar Taques.
O motivo para a prorrogação das investigações são os depoimentos dos militares apontados como "operadores" do esquema. Em julho, os coroneis Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa, além do cabo Gérson Correa Junior, revelaram fatos novos que podem contribuir com as investigações.