A célebre frase que está no título deste texto foi dita por Deng Xiaoping, talvez os mais jovens não se lembrarão, mas ele foi o responsável por iniciar uma reforma social em uma China desgastada pelo alto volume de gastos em áreas de segurança nacional e burocracia a se perder de vista.
Deng Xiaoping foi quem deu início a uma “segunda revolução” chinesa, estruturando um país que seguisse premissas comunistas na vida política e capitalistas na vida econômica, um verdadeiro desenvolvimentismo chinês que fez aquele país alcançar seu atual estágio econômico em poucas décadas.
Se por um lado a China é a “fábrica” do mundo, o Brasil é o “celeiro” e isso não é um demérito, mas sim a forma como encontramos de também buscar o nosso desenvolvimento, afinal de contas, não existe desenvolvimento certo ou errado, existe desenvolvimento possível, pensando sempre na sustentabilidade.
Ser o celeiro do mundo também implica em uma necessidade de buscarmos nos industrializar para melhorar a linha de produção dos nossos produtos, podemos buscar incrementar valor à produção e melhor distribuir as rendas, no fim, todo mundo ganha – o servidor público, o grande, médio ou pequeno produtor rural, o comerciante, o feirante, o construtor, entre outros –, pois com a economia em saudáveis condições, as boas gestões públicas e privadas podem tratar de regular indiferenças sociais internas.
Todavia, fora dessa roda mágica, o Brasil vive um período de um governo que é claramente xenofóbico contra nosso maior parceiro comercial, a China, ao ponto de um dos 3 (três) filhos do presidente (Eduardo Bolsonaro) prestar uma recente declaração sobre uma suposta espionagem chinesa através da tecnologia 5G no Brasil e a embaixada da China no Brasil responder em tom de último aviso, sugerindo que a aliança Brasil-China poderá sofrer consequências caso as declarações xenofóbicas continuem partindo dos mais altos cargos políticos do Brasil.
Uma coisa que os atuais governantes do Brasil precisam aprender sobre a influência chinesa no Brasil é a mesma que a China aprendeu na década de 80 com a reforma política deles: não importa qual é a ideologia de quem vem ao seu país para agregar valor, desde que seja mantido o respeito a ordem política interna e soberana do povo.
Caso a atual gestão pública federal brasileira não aprenda isso de uma vez, talvez todos iremos sofrer com a desconstrução do nosso país, pois da mesma forma que conquistamos o posto de celeiro mundial, podemos igualmente perde-lo para outras nações que almejam tal posição. E seria triste pensar que poderíamos manter fortes índices de crescimento se atuássemos com mais interesse nacional e menos interesse ideológico no campo internacional.
João Gabriel de Jesus Cavalcante Dias é advogado, graduado em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).