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GERAL Quarta-feira, 03 de Agosto de 2022, 11:19 - A | A

Quarta-feira, 03 de Agosto de 2022, 11h:19 - A | A

QUEIMADAS

Mato Grosso está enfrentando um dos maiores períodos de estiagem de sua história

No caso da fumaça produzia pelas queimadas, as pessoas que já possuem problemas respiratórios , estão mais sujeitas a ter agravamento dos sintomas

Regina Botelho Da Redação

Fumaça e queimadas uma combinação perigosa para o aumento dos casos de covid-19 em Mato Grosso. Além disso, a grande quantidade de fumaça, que encobre o céu do estado traz riscos à saúde devido aos elementos tóxicos dos incêndios.

A somatória desses fatores preocupa especialistas, especialmente, nesse momento da pandemia de Covid-19, doença que tem entre os principais sintomas o comprometimento de vias aéreas e os pulmões.

De acordo com clínico geral e infectologista, Marcelo Sandrin a fumaça das queimadas afeta principalmente as crianças, ainda que tenha impacto também na saúde de idosos – que são grupo de risco para a covid-19. A fumaça pode ser uma espécie de gatilho para o início de uma doença respiratória crônica, afirma Sandrin.

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Ele explica que as crianças são mais vulneráveis à fumaça das queimadas porque o pulmão ainda está em desenvolvimento. “A criança começa a apresentar um quadro de redução da função pulmonar e isso traz problemas como asma”. A perda de função pulmonar atinge ainda, segundo o médico, a cognição e o aprendizado das crianças em idade escolar.  “Nos idosos, a fumaça atua como agente irritante de vias áreas e pode agravar doenças pré-existentes. A fumaça das queimadas tem compostos tóxicos como
monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio, além de materiais particulados, com alta capacidade de dispersão – o que faz com que a fuligem possa chegar a locais distantes dos focos de incêndio”, frisa.

Ele ressalta ainda a importância da população seguir as orientações de saúde para não sofrer consequências das altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. “ A situação climática da capital é emergencial. O organismo humano tende a sofrer com o clima desértico - nas últimas semanas a temperatura tem oscilado entre 40°C e 41°C, mas a sensação térmica costuma ser maior”, esclarece. 

PERIGO

A saúde humana é afetada pelas queimadas porque a fumaça proveniente dela contém diversos elementos tóxicos. O mais perigoso é o material particulado, formado por uma mistura de compostos químicos. São partículas de vários tamanhos e, as menores (finas ou ultrafinas), ao serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório e conseguem transpor a barreira epitelial (a pele que reveste os órgãos internos), atingindo os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegando até a corrente sanguínea.

Cuidados

Para amenizar os efeitos na saúde, alguns cuidados são necessários, como evitar, na medida do possível, a proximidade com incêndios, manter uma boa hidratação, principalmente em crianças menores de 5 anos e idosos maiores de 65 anos, e manter os ambientes da casa e do trabalho fechados, mas umidificados, com o uso de vaporizadores, bacias com água e toalhas molhadas.

Também é indicado usar máscaras ao sair na rua, evitar aglomerações em locais fechados, e optar por uma dieta leve, com a ingestão de verduras, frutas e legumes. Fora isso, em caso de urgência deve-se buscar ajuda médica imediatamente.

Destruição ambiental

Os incêndios em Mato Grosso neste período do ano são comuns, mas em 2020 as chamas atingiram proporções que puseram em alerta o País. Estudo realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e divulgado na última terça-feira, 1°, apontou que, em meio ano, as queimadas consumiram cerca de 1,7 milhão de hectares de todo o estado mato-grossense, o que equivale a uma área cinco vezes maior que a capital Cuiabá e cerca de onze vezes o território da cidade de São Paulo.

Dos três biomas existentes em Mato Grosso – Pantanal, Cerrado e Amazônia -, o que mais sofreu com as chamas foi o Pantanal, que teve 9% de sua área consumida, ou 560 mil hectares. Isso é nove vezes mais que todo o desmatamento ocorrido na região entre 2018 e 2019, que somou 59.950 hectares desmatados.

O estudo mostrou também que apenas 5% da vegetação destruída no Pantanal era “invasora”, ou seja, 95% do que ardeu em chamas foi de vegetação nativa. O bioma Amazônia teve 37% de sua áreas atingidas, e o Cerrado, 31%. Na avaliação da coordenadora do Programa de Transparência Ambiental do ICV, Ana Paula Valdiones, “é uma área grande de vegetação nativa atingida e está muito fora do padrão no bioma. É um impacto muito grande sobre a flora e a fauna”.


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