A deputada estadual Janaina Riva (MDB) afirmou que muitos profissionais da Educação saíram perdendo com o movimento grevista da categoria – que chegou ao fim na última semana, após 74 dias de paralisação.
Para ela, havia uma nítida divisão entre a categoria, especialmente em razão de o movimento paredista ter sido influenciado por questões eleitorais do sindicato que representa a classe, o Sintep.
“Vejo que os profissionais da Educação também perderam com a greve. Começaram com uma pauta e ouvi de alguns professores que tinha mais coisa envolvida ali: uma questão interna do Sintep - porque está próximo das eleições da presidência - e isso tudo acabou sendo usado durante as discussões”, disse a deputada.
“Do mesmo jeito que alguns agrediam ‘ah, esses são todos bolsonaristas, votaram no Mauro, tem que passar por isso’. Outros falavam ‘isso é um bando de petista que está coordenando o movimento’. Então, tinha de tudo ali dentro. A greve começou rachada e acho que piorou no decorrer do processo”, acrescentou ela.
Começaram com uma pauta e ouvi de alguns professores que tinha mais coisa envolvida ali: uma questão interna do Sintep - porque está próximo das eleições da presidência - e isso tudo acabou sendo usado durante as discussões
As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (13), em entrevista concedida ao programa Tribuna, da Rádio Vala Real.
Na avaliação da deputada, por conta de questões desta natureza é que o movimento perdeu o apoio popular e até parte dos professores passou a não acompanhar os encaminhamentos dos líderes da greve.
“E falo isso porque ouvi dos próprios profissionais da Educação - alguns são bastante próximos a mim. Eles diziam que tinha muita coisa envolvida no movimento”.
“E o saldo é que alguns ficaram sem receber confiando que o melhor encaminhamento era esse. Sendo que, em minha opinião, isso que a gente conseguiu com as negociações teria conseguido sem precisar passar por todo esse período e sem que professores ficassem sem receber os salários”, afirmou a parlamentar.
Condução equivocada
Ainda durante a entrevista, a deputada fez algumas críticas à forma como o governador Mauro Mendes (DEM) conduziu o processo.
E, para ela, o democrata também terá prejuízos em razão deste movimento.
“Qualquer professor que você conversar – seja ele apoiador ou não do movimento grevista – saiu muito magoado com relação ao comportamento do governo do Estado durante as negociações da greve”, disse.
“Acho que começou muito bem. Mas aí, houve, por exemplo, aquela comparação de salários [de profissionais de Mato Grosso com outros estados]. Acho que foi um erro. Até porque, como comprar com outros estados com a estrutura escolar que temos hoje em Mato Grosso? Nossas escolas são horríveis, caindo aos pedaços a grande maioria. Acho que o desgaste político com a classe dos profissionais da educação – que é a maior do Estado – é irrecuperável”, concluiu a deputada.