O programa Profissão Repórter (Rede Globo) na noite de hoje apresentou ao país a situação caótica da educação pública de Mato Grosso e outros dois estados brasileiros. Numa ampla reportagem, a equipe mostroucom detalhes a greve dos professores que durou 75 dias cujas aulas foram reinicidas hoje.
Em Mato Grosso, uma greve de professores deixou mais de 200 mil alunos sem aulas na redes estadual. O motivo da paralisação é um projeto que prevê o congelamento dos salários dos docentes por dois anos.
O governo alega que, sem receitas, não pode dar aumento salarial para não ir contra a lei de responsabilidade fiscal. Como consequência dos atos, muitas escolas ficaram vazias, mas sem esconder seus problemas estruturais.
A repórter Nathalia Tavolieri visitou algumas comunidades que sofrem com o descaso do poder público em relação à educação. "É muito quente na sala de aula. E quando chove não tem condições de ficar dentro da sala, alaga tudo e tem muitas goteiras", diz a aluna Renata Batista.
Em Água Branca, a 300 quilômetros de Cuiába, uma comunidade rural adaptou um antigo estábulo e o transformou em escola. "Se a gente não fizer isso teremos um impacto muito grande na evasão escolar, que é algo recorrente. Já tem uma evasão muito grande em todo o Estado e no nosso município não é diferente", explica a professora Maria Antônia do Nascimento sobre usar um estábulo como sala de aula.
A professora também desabafou sobre as condições em que precisa lecionar. "Um aluno estudando uma sala com 50 e poucos graus na cabeça, toda hora ele tem que tomar água, tem que sair da sala de aula, ele precisa de algo. Eu sou realizada porque gosto da minha profissão. Não serei outra coisa na vida se não professora. E para o aluno, a referência de uma comunidade é a escola. Aqui eles só têm a escola e uma igreja", completa Maria.
Em conversa com a equipe do Profissão Repórter, a secretária de Educação do Mato Grosso Marioneide Angélica Kliemachewsk disse que existe uma recomendação do Ministério Público para que os salários dos professores não recebam um aumento. "Nós tivemos um total de oito reivindicações dos professores, e seis foram atendidas. Existe também uma recomendação do Ministério Público que não se dê aumento neste momento, enquanto não sanar as contas públicas do Estado do Mato Grosso", explicou.
Depois de 75 dias em greve, o sindicato dos professores e o governo de Mato Grosso entraram em um acordo. As aulas foram retomadas nesta quarta-feira (14).