O Coletivo Coma a Fronteira, em parceria com a Revista Pixé, realizou no último mês a série ‘Procura-se’. Com o objetivo de chamar a atenção para a censura e ameaça das artes, o projeto chamou alguns artistas para participar, e elaborou cartazes com fotos deles, trazendo a sensação de que estão sendo caçados. Os ‘lambe lambes’ foram colados em diversos pontos da cidade.
Quem fez as fotos foi Caio Ribeiro, e Pedro Duarte ficou responsável pela elaboração dos cartazes e da coordenação das ações de colagem. Além disso, foram recrutadas pessoas nas redes sociais para a ação. No último dia 18 de setembro, os organizadores propuseram uma oficina de lambe-lambe no Instituto de Linguagens da UFMT, às 9h da manhã.
O Coletivo elaborou um material básico para iniciar a colagem de lambe-lambes pelas pessoas que fizeram a oficina, e que se transformaram na equipe de colagem. O material segue disponível livremente nas redes sociais do coletivo.
Colagens
A ação aconteceu nos dias 18, 19 e 20 no centro de Cuiabá e na UFMT, e contou com o apoio de mais de 20 pessoas, entre a equipe de colagem e a equipe audiovisual. Toda ação foi documentado pela Salve Filmes, que vai transformá-la em um documentário.
“O trabalho produziu diversas sensações. O que mais intrigou foi que os cartazes eram lidos no sentido literal e a população que interagia durante a colagem perguntava quem eram os bandidos e até diziam que se encontrassem algum iriam "levar para passear no portão do inferno". Sob qual efeito nossa população está entorpecida que os cartazes absurdos de artistas "criminosos" foram lidos literalmente? Por que aquilo que deveria ser absurdo foi lido como aceitável? Qual o contexto em que estamos inseridos que esta barbárie se torna razoável?”, questiona a organização.
Para os próximos meses, são preparadas ações de artes cênicas, como teatro, circo e dança. “A cidade é nossa, e devemos ocupá-la com o que sabemos fazer. Proporcionar um respiro na disputa insana da especulação imobiliária & na gestão despreparada. Estou imensamente feliz e recarregado para peitar mais ações destas, sempre juntos, fazendo parceria e trabalhando em coletivo com a coletividade”, afirma Caio Ribeiro.