Casos de violência doméstica e sexual deixam de ser investigados por falta de médico legista para realizar exames nas vítimas. Não há o número exato de casos que acabam no boletim de ocorrência por falta de provas matérias, porém são comuns em cidades como Colniza, onde não há o profissional para realizar o procedimento.
Como informou o diretor-geral da Politec Rubens Okada, o credenciamento de médicos legistas para 17 cidades de Mato Grosso visa amenizar o sofrimento de familiares de vítimas que aguardam liberação de corpo e que precisam viajar quilômetros por estradas precárias para serem examinadas e comprovada a violência.
“Colniza está a 200 quilômetros da sede em Juína. São horas e horas de viagem por estradas precárias para fazer o exame e depois voltar. Muitas vezes a vítima acaba desistindo de realizar esse tipo de exame, o que prejudica a percepção penal. Não tendo a prova material, a condenação também vai ser mais difícil por ausência de provas”, declara o diretor.
Questionado, o diretor da Politec afirmou que não há balanço de quantas denúncias de Maria da Penha e violência sexual são feitas, porém não são investigadas por conta da falta de exame. A falta de apuração desses casos existe, principalmente nas cidades menores.
“Infelizmente não temos esses dados. Mas a gente sabe que acontece, sim, da vítima ir na delegacia, faz a ocorrência, mas, até pela dificuldade de deslocamento, ela acaba desistindo de fazer esse exame de corpo de delito. E denúncia acaba ‘morrendo’ só no boletim de ocorrência, não prospera”, explica Okada.
O governo de Mato Grosso lançou nesta segunda-feira (16) o edital para credenciamento de médico legista em 17 cidades. O profissional irá prestar serviços para a Politec e recebera valor por cada atendimento feito.