Carlos Pina já desenhou a Igreja Matriz de Cáceres, a Igreja São Benedito e Nossa Senhora do Rosário e uma das esquinas da Praça Clóvis Cardoso na capital.
Um artista cuiabano faz desenhos com café e aquarela à mão livre em Mato Grosso. Carlos Renato Pina dos Santos é arquiteto e urbanista e tem a arte como segunda profissão. As obras de artes produzidas no papel já foram vendidas para outros países, como Estados Unidos e Portugal.
Ao G1, Carlos disse que mexe com desenhos desde criança, mas de modo amador e caseiro e só foi conhecer técnicas e se profissionalizar quando começou a faculdade de arquitetura e urbanismo em 2004.
Ele tem um home office - sala de trabalho - que usa tanto para trabalhar como arquiteto ou artista, mas gosta de desenhar ao ar livre.
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Carlos Renato Pina dos Santos é arquiteto e urbanista e também artista visual em MT
Entre os materiais que mais usa para desenhar, além do lápis, estão caneta comum, aquarela e marcadores. No entanto, na ousadia usou o café e por meio de pesquisas em livros e na internet, o artista já usou carvão em bastão, grafite e lápis de cor aquarelável, caneta em gel de cores branca, dourada, prateada e sanguínea.
Desenhar com café foi uma forma nova que o artista conheceu e gostou. Para ele, esse novo material foi assertivo, pois teve muitos retornos positivos. Carlos explica que para usar o café é simples. É só não adicionar açúcar como feito tradicionalmente. O diferencial é a quantidade de água, pois dá para trabalhar com diferentes tonalidades.
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Desenho feito em aquarela retrata uma ponte do Distrito da Guia
Segundo o artista, na capital tem outros artistas que desenham e de maneiras e com materiais diferentes do dele. Esse grupo de desenhistas se reúne para fazer os mais diversos desenhos e em lugares da cidade. Quase sempre nesses encontros, os desenhistas projetam nos papéis figuras, paisagens e monumentos.
Dos vários desenhos que fez, Carlos Pina já desenhou Dona Domingas, do grupo de dança Flor Ribeirinha, a Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus, uma ponte do Distrito da Guia, o Morro do Seminário e a Maria Taquara, a Igreja Matriz de Cáceres, a Igreja São Benedito e Nossa Senhora do Rosário e uma das esquinas da Praça Clóvis Cardoso na capital.
“Lido com desenho desde criança, mas daquele modo de criança desenhar, sem se ater a perspectiva, proporções, jogo de luz e sombra que os artistas desde séculos remotos utilizam para representar sua arte. Fui conhecer esses elementos técnicos, como perspectiva, métodos de ponto de fuga, luz e sombra, escala tonal somente no curso”, afirmou Carlos.
Formado há 15 anos, o artista exerce a profissão de artes visuais e ilustrações como hobby. Porém, ele explica que, com o advento da computação gráfica, uma ferramenta que na atualidade é muito utilizada pelo profissional de arquitetura, quase deixou totalmente de fazer desenhos à mão livre.
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Artista desenhou em café o Morro do Seminário e à estátua da Maria Taquara no Centro de Cuiabá
Essa vocação de desenhar foi estabelecida novamente na vida de Carlos quando ele se tornou professor no curso de arquitetura e urbanismo em Primavera do Leste e, posteriormente, na capital, ambos em uma universidade particular. As aulas que ministrava eram nas disciplinas de Oficina de Expressão e que tratava o uso de desenho à mão livre, segundo o arquiteto.
“Mesmo lecionando as disciplinas, os materiais que eu mais usava eram os lápis tipo B e borracha, depois comecei a ousar e desenhar somente com a simples caneta comum sendo que o desafio era que se errasse não havia chance de apagar. Porém ainda não empregava cores aos meus desenhos e nesses sim eu tinha receio de não colorir da maneira certa. Até hoje uso e amo desenhar com a caneta azul”, contou o desenhista.
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Artista desenha a partir de observação direta e à mão livre em MT
Carlos contou que começou a desenhar usando cores a partir de 2018. Nesse ano, ele aprendeu a colorir durante um curso de pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores na disciplina Representação Gráfica de Projeto que estudou.
“Considero como o renascimento às minhas artes e aprendi a superar o medo de utilizar cores. Devo isso ao professor Oliveira Júnior de João Pessoa na Paraíba que me ensinou a como empregar cores nos projetos arquitetônicos. E um dos materiais ali trabalhado foi o marcador colorido. Após isso, fui colocando em prática o uso desse material e postando nas redes sociais”, disse o artista.
Entre os vários cursos, um dos mais importantes muito na vida dele foi uma oficina de aquarela que participou pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). Nunca tendo usado a técnica de aquarela, ele admirou e começou a praticar rotineiramente, foi então que aderiu a fazer a maioria dos próprios desenhos assim.
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Esquina da Praça Clóvis Cardoso em Cuiabá é retratada em desenho
Os trabalhos que foram vendidos para admiradores de outros países foram encontrados pelas redes sociais e indicação de amigos próximos. Ele começou a expor os trabalhos nas redes sociais a partir de uma orientação da professora Antônia Rosa, apelidada como ‘Tunoqui’, que disse a ele para vender às obras.
Pina ainda contou que participa de um movimento mundial que se chama Urban Sketchers, onde artistas desenham a partir de observação direta, mas de diferentes meios e materiais. No grupo formado em Cuiabá, os encontros são em diferentes locais da cidade para desenhar in loco.
De acordo com Carlos, muitos dos desenhos feitos e com diferentes materiais podem ficar prontos no mesmo dia. No entanto vai depender do tamanho e as complexidades a serem inseridas ao desenho podendo estender para mais um dia. Ele não trabalha com tinta a óleo, justamente pela demora e por isso usa materiais versáteis e fácil secagem como o caso da aquarela ou café.
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Artista desenhou Dona Domingas do Grupo Flor Ribeirinha
Por questão de tempo e da profissão principal, arquiteto e urbanista, ele faz desenhos pequenos, limitando os tamanhos. As obras de arte podem ser feitas em diversas superfícies de papel, mas geralmente ele utiliza papel A5 e A3. Em relação ao preço das obras, ele disse que vai depender do tamanho e se colocado moldura para formar um quadro. Portanto pode variar entre R$ 100 e R$ 400 sem moldura.
Perguntado sobre novos projetos, ele disse que pretende fazer uma exposição neste ano em alusão aos 300 anos que a capital completou no ano passado, em 2019. Contou também que tem desenhos pendurados em estabelecimentos comerciais da capital e que até já foram estampados em camisetas e canecas.
“Acerca de propostas, recebi convites para expor presencialmente meus trabalhos em exposições neste ano. Os convites são para expor aqui em Cuiabá e em Cáceres. Estive passando as férias em Cáceres no início do ano e lá tive oportunidade de desenhar a cidade e como sempre lançando nas redes sociais. E o que acabou 'caindo na graça do povo cacerense', com orgulho’’, disse.
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