A deputada federal Rosa Neide (PT) faz uma análise do cenário político, onde afirma que o pré-candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT) vem crescendo em todas as regiões, com exceção do Centro Oeste, onde diz ser preciso fazer um trabalho para reverter esse quadro. Quanto a Mato Grosso, vê como importante a colocação de novos nomes na disputa ao Palácio Paiaguás, e que o PT deverá ter candidato próprio. Ela fala ainda sobre o seu mandato parlamentar.
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Centro Oeste Popular – Como é ser a única mulher representante feminina de MT na Bancada Federal?
Rosa Neide – Eu tenho uma relação muito respeitosa com os sete deputados, não é difícil me relacionar com eles, entretanto, as opiniões muitas vezes divergem e por ser a única mulher, fica uma voz feminina em relação a sete vozes masculinas, e isso não é bom. As mulheres são a maioria, mais da metade da população, e se tivéssemos homens e mulheres na bancada poderíamos discutir com maior qualidade. As relações são tranquilas, mas o olhar, as ideias, poderiam ser melhoradas se tivéssemos mais mulheres.
CO Popular - Como a senhora vê o cenário eleitoral que começa aparecer neste momento?
Rosa Neide – Eu acho que o cenário eleitoral do país e do Estado começa agora a ficar mais claro, vejo que há uma polarização sim na eleição entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, vejo na grande maioria dos Estados brasileiros o ex-presidente Lula crescendo muito, pra nós é muito interessante o crescimento no sudeste do Brasil, onde Lula já está na frente em todos os Estados. Também no sul, onde não tivemos uma boa performance nas duas últimas eleições, e agora melhoramos bastante. Com relação ao Centro Oeste precisamos melhorar, não estamos na frente ainda na região Centro Oeste, e com relação a Mato Grosso creio que é importante a disputa eleitoral, nesse momento não tem candidaturas colocadas ao Governo do Estado, a não ser a do atual governador, e vejo que os partidos estão se organizando e quem sabe vamos ter aí os candidatos de um pleito com disputa o que é bom para a sociedade, porque se discute projetos e aí teremos mais de um projeto para o povo analisar.
CO Popular - Aumentou o número de casos de feminicídios no Estado e também as discussões sobre o tema. O que o poder público pode fazer para evitar esse tipo de crime?
Rosa Neide – Eu acompanho muito essa questão, acompanho os dados, acompanho as políticas, e vejo que o poder público poderia fazer um pouco mais. O Estado de Mato Grosso tem uma coisa que acho ruim, muito negativo, ter muitas ações sendo desenvolvidas, mas não são bem articuladas. Não tem uma Secretaria da Mulher, por exemplo, que poderia articular todas as ações. A Secretaria que articula tem muitas obrigações, e isso fica ruim. Não tem a rede. A rede é construída, mas tem muitas pontas soltas e isso prejudica. E também vejo que todo o poder público nacional, estaduais e municipais deveriam fazer campanha forte de mídia, tentando mudar essa concepção machista da sociedade, como se a mulher fosse coisa e o homem fosse proprietário das coisas que são os corpos femininos. Acho que precisa trabalhar muito a escola com boa formação sobre essa questão, e muita discussão, muita divulgação, muito debate para melhorarmos esse comportamento de homens e mulheres no país, especialmente no Estado de Mato Grosso.
CO Popular - A gente percebe que o assunto direito das mulheres ganhou mais relevância nas últimas décadas. Mas houve de avanço concreto em relação a políticas neste período?
Rosa Neide – Eu vejo que o mundo inteiro vem discutindo mais, as mulheres vêm colocando o pé na frente, vem caminhando. As mulheres ganharam as universidades, hoje na maioria dos cursos superiores tem mais mulheres presentes. Estão estudando mais, estão buscando o mercado de trabalho, é a questão da história da mulher, com a mulher avançando com as suas pernas. Claro que o apoio masculino, o apoio dos homens que têm consciência é fundamental, mas também estamos vivendo um momento do atual governo federal, que é um governo que não apoia as mulheres, ele não vê a mulher como um ser humano que tem toda liberdade, toda capacidade. E as falas desencontradas do presidente da República, os sinais invertidos, faz as mulheres irem adiante, tanto que as pesquisas mostram que as mulheres votam mais em qualquer outro candidato que no atual presidente. Porque as mulheres forem muito massacradas, então na dor aprendemos muito, na dor a gente empurra, na dor fazemos resistência e na dor andamos mais rápido, e é nesse sentido que acho que as mulheres estão crescendo, estão ocupando seus espaços e fazendo com que aquela máxima valha a pena: lugar de mulher é onde ela quiser.
CO Popular - Como a senhora analisa a discussão entre o Partido dos Trabalhadores e o Partido Socialista Brasileiro e o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT) à Presidência da República?
Rosa Neide – No Brasil já está bem acertado, temos algumas dificuldades em um Estado ou outro, mas está sendo tudo bem discutido, acho que o PSB vem como vice na chapa do ex-presidente Lula, o Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin tem um entendimento muito próximo, estão conversando muito sobre um plano de reconstrução do Brasil, acho que da essa leveza para que todos possam vir, pois são dois democratas que se juntaram pelo bem do país. Então aqui no caso de Mato Grosso, percebemos que ainda precisa tratar melhor essa questão do apoiamento do partido, mas acredito muito na concepção e formação do presidente do PSB, que é o deputado estadual Max Russi, e que nós aqui do PT estamos prontos, estamos conversando e vamos em frente fazer aí o embate nacional, aqui em Mato Grosso também, na defesa de Lula e Alckmin.
CO Popular - O que tem sido prioridade no seu mandato como deputada federal?
Rosa Neide – Eu sempre coloquei a Educação e a Justiça Social como foco, e no mandato a gente vai fazendo um desenho. Então as comunidades originárias dos povos originários e tradicionais ficaram muito fortes no meu mandato. Também a discussão sobre políticas para as mulheres e hoje sou presidente da Comissão de Cultura e procuro fazer esse trabalho, mas a Educação é o carro chefe porque sou professora desde os 17 anos e acho que a Educação é transversal, ela passa por todas as políticas. Se o país educar melhor, nosso povo terá melhor qualidade de vida, então procuro colocar essas prioridades, o financiamento da agricultura familiar, o financiamento para as mulheres que estão no campo, são pontos que não abro mão e participo efetivamente.
CO Popular - Deputada, a senhora é presidente da comissão de cultura, concorda que a atual política nacional é anti cultura, antidemocrática e racista? Por quê?
Rosa Neide – Eu afirmo que o atual presidente, primeiro ele acabou com o Ministério da Cultura, foi uma das primeiras ações. Ele não fomentou a cultura, o fomento que tem é um trabalho do Congresso Nacional, que aprovou a Lei Aldir Blanc, o governo vetou e o Congresso derrubou o veto, e o investimento chegou na ponta. Então por parte do governo não há nenhuma política que possamos dizer que é uma política efetiva para o país. Não colocou à frente da Secretaria que trata da questão da cultura, pessoa responsável, com formação, muito pelo contrário, deixou a política da cultura do país à deriva, não avançou em nada, o governo inclusive pegou dinheiro de captação da Lei Rouanet para fazer investimentos em filmes, em publicações de livros que fazem apologia a armas. Então é um governo que podemos dizer tudo de ruim com relação a democracia, a cultura, a superar o racismo no Brasil, ele não fez nada disso, então esse governo é anti-cultura.
CO Popular - O PT trabalha um nome para o Governo de Mato Grosso, visando dar um palanque a Lula no Estado?
Rosa Neide – O PT está conversando, o PT hoje não fala sozinho, é federação, e a federação deve apresentar uma candidatura ao governo de Mato Grosso porque é muito importante discutir e fazer o palanque do ex-presidente Lula aqui no Estado.