Médico, 69 anos, o deputado estadual Luís Amilton Gimenez, mais conhecido como “Dr. Gimenez”, é atualmente um dos parlamentares de primeiro mandato mais atuantes da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Em aproximadamente 2 anos de atuação, e mesmo em meio à pandemia da Covid-19, apresentou 943 proposições, entre elas, 614 indicações e 112 projetos de lei, dos quais seis leis sancionadas. Em entrevista ao Jornal Centro-Oeste Popular, ele faz um balanço da sua atuação, dos trabalhos entre outros assuntos.
CO Popular – Como tem sido a sua experiência como parlamentar, qual o balanço que faz nesses dois anos de trabalho na Assembleia Legislativa?
Dr. Gimenez – Tem sido um aprendizado diário, porque este é o meu primeiro mandato eletivo, por isso contei com o apoio dos colegas parlamentares, da minha equipe e dos servidores da Casa de Leis para aprender os meandros desse trabalho, que é muito diferente da medicina. Mas apesar de algumas limitações, que venho superando, claro, a avaliação desses quase 2 anos de trabalho intenso é muito positiva. Apresentei até o início de dezembro 943 proposições, foram 614 indicações de melhorias em diversas áreas ao governo estadual, na educação, na infraestrutura, na agricultura familiar, na segurança e principalmente na saúde pública, e 112 projetos de lei. Batalhei muito nesta pandemia, por exemplo, para mostrar ao executivo estadual a importância de instalação de mais leitos de UTI no Hospital Regional de Cáceres, que é o polo de urgência e emergência de toda a região oeste, abrangendo 22 municípios e mais de 300 mil habitantes!
CO Popular – O senhor retomou as atividades presenciais no fim de novembro, como foi atuar grande parte de 2020 homeoffice? Houve perdas no trabalho por causa da pandemia?
Dr. Gimenez – Por incrível que pareça, trabalhei muito mais intensamente em casa. Por ser do grupo de risco, idoso, cardíaco, fiz uma cirurgia no coração ano passado, enfim, em razão de uma série de fatores tive orientação médica para manter o isolamento e graças a Deus tudo transcorreu bem. Eu sempre digo que a saúde vem em primeiro lugar e se eu fizesse diferente disso estaria contrariando o meu discurso. Por outro lado, tenho uma equipe de gabinete muito dedicada que vem fazendo o trabalho muitíssimo bem apesar das limitações, do homeoffice, ou seja, todos se uniram para manter o ritmo de trabalho. Pasme, em 2019, tivemos um balanço de 500 proposições e este ano praticamente dobramos a meta, chegando a quase mil, por isso digo com propriedade que não tivemos perdas, na verdade, avançamos. Além disso, o nosso trabalho não é apenas quantidade, é qualidade. Das 112 leis apresentadas, já conseguimos a sanção do governo a seis delas e estamos na expectativa para que a qualquer momento outras também sejam sancionadas! Entre as sancionadas estão, por exemplo, a nº 11.073/2020 que obriga hospitais a terem maca para pessoas obesas, atendendo a uma parcela que representa hoje 18% da população brasileira e a 11.065/2020, obrigando as unidades de saúde a comunicar delegacias sobre violência contra mulheres, crianças e idosos. Outras leis muitos importantes são a nº 11.062/2019, que determina leilão de veículos apreendidos após 4 meses no pátio, com o objetivo de evitar a deterioração dos bens e a superlotação dos espaços públicos; e a 11.144/2020 obriga a realização de campanha educativa antidrogas em shows e eventos culturais, trabalho preventivo para evitar uso indevido de álcool e drogas por adolescentes e jovens. Se me perguntar se estou satisfeito? Sim, mas sei que podemos avançar cada vez mais, sempre ouvindo os anseios da população.
CO Popular – O senhor vem se destacando como integrante da Comissão da Saúde e com isso mantido uma interlocução importante com o governo, qual a avaliação do trabalho da comissão nesses 2 anos e a expectativa para 2021?
Dr. Gimenez – A Comissão teve um trabalho fundamental durante a pandemia, acompanhando semanalmente as ações do governo, avaliando dados da evolução da doença e propondo medidas de modo a representar efetivamente a população. Foram realizadas neste período 21 reuniões extraordinárias e quatro reuniões ordinárias tendo como tema principal a “Covid-19”, onde debatemos, por exemplo, a preparação dos hospitais para receber pacientes, treinamento técnico para os trabalhadores da saúde, contenção do avanço da doença, proteção e tratamento dos profissionais na linha de frente da pandemia, situação de municípios distantes e carentes, auditoria em EPIs e respiradores artificiais. Também ouvimos trabalhadores da saúde, o secretário estadual e municipal de Saúde de Cuiabá, a presidente do CRM-MT, entre outras autoridades importantes na área para que nossas ações dessem respaldo técnico à Assembleia Legislativa. Somos cinco membros titulares (eu, Dr. João José, Dr. Eugênio – presidente atual, Dr. Lúdio Cabral e Paulo Araújo), quatro médicos atuantes em suas respectivas regiões e um servidor da saúde com conhecimento de causa em administração pública. Penso que o parlamento nunca teve uma equipe tão preparada para atuar nesta área e me orgulho de fazer parte deste time, cada um de nós deu o seu melhor neste ano e minha expectativa é que possamos ampliar e melhorar cada vez mais nosso trabalho para 2021.
CO Popular – Tivemos um ano complicado, com crise na saúde, que refletiu na economia e na política, e as eleições municipais trouxeram algumas surpresas neste ano em várias cidades do país. Qual a sua avaliação do ano e expectativa para o próximo? Devemos manter a esperança?
Dr. Gimenez – Eu sempre brinco que não sou otimista, nem pessimista, como bem diz o poeta Ariano Suassuna, “sou um realista esperançoso”. Claro que não posso fechar os olhos para os acontecimentos, tivemos e ainda estamos tendo um ano difícil, pesado, com uma doença misteriosa e que gerou problemas no mundo todo, não só no Brasil e em Mato Grosso, tivemos perdas humanas e econômicas em todo planeta. Meu sentimento é de pesar, de dor, por tantas vidas perdidas, tantas famílias que neste Natal não terão como estar alegres e festivas, por outro lado, estarão chorando as perdas, a falta de seus amores. A empatia é um sentimento importante e muito humano, como médico, também me coloco no lugar dos empresários que acumularam prejuízos, alguns fecharam seus negócios, outros estão tendo que recomeçar em meio a muitas incertezas, ou ainda aqueles trabalhadores que perderam seus empregos. É muito triste, temos que olhar para tudo isso, somos todos humanos e brasileiros. Além de empatia, há que ter gratidão, afinal, sobrevivemos a tudo isso e precisamos aproveitar nossa saúde, inteligência e disposição para trabalhar e viver o propósito de Deus, cada um de nós tem a sua missão e acho que os momentos difíceis servem para nos dar uma direção segura do caminho que devemos seguir. O meu é na política, lugar onde posso fazer muito mais pela saúde, não só dos meus pacientes, como quando eu estava no consultório, agora posso fazer por toda a população mato-grossense. Tenho muita esperança em 2021, vamos vencer e crescer todos juntos!