É crítica a situação do Rio Queima Pé, que abastece Tangará da Serra. Fotos feitas na tarde deste domingo, 29 de novembro, mostram a nascente completamente seca, estorricada. Isso em razão de uma das maiores secas registradas na história, não apenas no município, mas em toda a região da bacia do Rio Paraguai.
A nascente do Rio Queima Pé está a cerca de 6 quilômetros do Alto da Boa Vista. Em 2020, o volume de água que verte no local chega patamares críticos, perto de zero. Hoje, o que se vê são apenas os sinais de que ali há um ribeirão, com solo estorricado.
A microbacia do Queima Pé abastece Tangará com água desde a década de 1990, quando foi implantada a Estação de Tratamento de Água (ETA) na região da Vila Esmeralda. Todavia, ao longo de quase trinta anos pouco foi feito para recuperar a nascente, as margens do ribeirão, com ações de recuperação ambiental, uso de solo e conservação dos afluentes.
Projetos de recuperação e conservação já chegaram a ser iniciados, pensando na defesa do rio, porém, as ações foram insuficientes ou ocorreram de forma paliativa e ineficiente.
Os ambientalistas Décio Siebert, ex-presidente do Comitê do Rio Sepotuba, e Jair Kotz, responsável pela implantação do programa “Cultivando Água Boa”, na região de Itaipu, no Paraná, principal projeto ambiental de recuperação de microbacias do Brasil, apontam que um dos maiores desafios da próxima gestão municipal será promover ações que visem a conservação dessa e de outras microbacias, para dar segurança hídrica à população e evitar que problemas como o que ocorre hoje em Tangará da Serra não volte a acontecer.
Siebert e Kotz acompanharam o prefeito eleito Vander Masson (PSDB) no domingo em visita a microbacia do Rio Queima Pé, desde a nascente do rio até a região da ETA. Eles auxiliam Vander na criação de políticas públicas que resolvam o problema de abastecimento de água da cidade e ao mesmo tempo apresentam alternativas de recuperação e conservação dos rios, com o uso correto da água e do solo.
Samae buscará água no rio Russo
Diante da uma crise hídrica sem precedentes no município de Tangará da Serra, a prefeitura local prepara um sistema de transposição de água do rio Russo para reforçar a vazão do rio Queima Pé e, assim, recuperar em parte a capacidade de captação, tratamento e distribuição na cidade.
Segundo o Executivo local, a empresa Usinas Itamarati (UISA) formalizou o empréstimo de canos, bombas e outros equipamentos para serem utilizados na transposição. O transporte dos tubos e dos equipamentos já foi realizado e os trabalhos da transposição iniciam na sequência.
Percurso - O rio Russo fica a cerca de 16 quilômetros do perímetro urbano de Tangará da Serra e a aproximadamente 12 quilômetros da Estação de Captação, Tratamento e Distribuição de Água da cidade (ETA Queima Pé).
Situação - Rios com vazão baixa, reservatórios muito abaixo do nível ou praticamente secos, desabastecimento de água. Este tem sido o quadro em praticamente toda a metade sul de Mato Grosso neste final de mês de novembro.
Trata-se de um reflexo nefasto da estiagem severa que se abate na região, configurando-se numa grave crise hídrica e influenciando fortemente no abastecimento de água das cidades. Em Tangará da Serra, a situação é crítica ao ponto de obrigar o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) a lançar mão de caminhões-pipas para complementar o abastecimento. Na última semana, em razão do colapso no abastecimento de água, passou a vigorar no município decreto de ‘situação de emergência’.