Incêndios registrados neste ano resultaram na perda de aproximadamente 10% do território mato-grossense. O Estado, que tem mais de 903 mil quilômetros quadrados, teve, de janeiro até 16 de novembro, 8,5 milhões de hectares consumidos pelo fogo, o equivalente a 85 mil quilômetros quadrados. A área queimada é 26 vezes maior que a da cidade de Cuiabá, capital do Estado.
Os dados fazem parte do “Balanço dos incêndios em Mato Grosso em 2020”, produzido pelo Instituto Centro de Vida (ICV). Os dados do ICV revelam que 38% dessas ocorrências se concentraram no bioma Amazônia, seguido do Cerrado, onde houve mais de 3,1 milhões de hectares queimados (36% do total). As áreas com incêndio no Pantanal, por sua vez, representaram 25% do total. De toda a área afetada pelos incêndios no Estado, cerca de 30% incidiu apenas nos municípios pantaneiros de Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres.
Coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, chama atenção ao fato de que quase metade dos incêndios ocorreu em áreas desmatadas recentemente ou em área de vegetação nativa. “O alerta principal é que estamos vivendo e vendo um cenário de crise climática cada vez mais acentuada. O colapso no Pantanal é o maior indicador disso”, salienta.
Vinícius Silgueiro complementa que o que fica de lição é que as medidas de planejamento, combate e prevenção aos incêndios precisam ser desenhadas à risca. As ações são necessárias para a melhor distribuição dos brigadistas e operacionalização dos recursos do Corpo de Bombeiros. O coordenador pontua também que é preciso compreender que o fogo se comporta de diferentes formas em diferentes regiões do Estado. Por isso, tem que se pensar ações de forma regionalizada devido a extensão e particularidades de cada parte de Mato Grosso.
“Além das práticas preventivas, precisamos cobrar a responsabilização do que aconteceu. É preciso que perícias sejam realizadas e esforços conjugados para identificar origens e causadores do fogo”, avalia.