Jane Claro, mãe do soldado Rodrigo Claro, de Tangará da Serra, que morreu durante um treino de instrução na Lagoa Trevisan em Cuiabá, comemorou a audiência de instrução que pode levar a tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps novamente a julgamento.
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O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou a tenente pelo crime de tortura contra o aluno Maurício Júnior dos Santos. A primeira audiênciaaconteceu nesta segunda-feira, 18, e foi presidida pelo juiz da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros.
A próxima audiência está marcada para o dia 22 de novembro às 13h30 (de MT). Serão ouvidas a ré Tenente Izadora Ledur e suas testemunhas de defesa.
“A primeira audiência do caso Maurício, ex-aluno do Corpo de Bombeiros de MT, vítima também das malditas mãos da tenente Isadora Ledur, a mesma que com suas atitudes tirou a vida de meu filho Rodrigo Claro em novembro de 2016. Que Deus possa colocar suas mãos e fazer sua justiça. Senhor, eu confio e espero em vós”, disse a mãe em uma rede social.
O caso de Rodrigo, aluno tangaraense, aconteceu em novembro de 2016. O jovem fazia aula de instrução de salvamento quando passou mal. Rodrigo ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular de Cuiabá e morreu cinco dias depois.
Desde a morte do aluno, a oficial foi afastada dos trabalhos e apresentou vários atestados médicos alegando problemas psicológicos. No entanto, em 2019, Ledur retomou o trabalho no setor administrativo da corporação. Em 2021, Ledur foi condenada pelo crime de maus-tratos e a um ano de detenção, pena cumprida em regime aberto. Com isso, ela não perdeu a patente.
CASO MAURÍCIO
De acordo com o documento assinado pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016, durante o treinamento de salvamento aquático em ambiente natural do 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros, realizado na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, Ledur submeteu o aluno Maurício a intenso sofrimento físico e mental como forma de lhe aplicar castigo pessoal.
Apesar de apresentar bom condicionamento físico, bem como ter sido aprovado em todas as fases do concurso público para compor o quadro de servidores do Corpo de Bombeiros, incluindo a etapa TAF (teste de aptidão física), Maurício demonstrou dificuldades na execução das atividades aquáticas, o que era visível a todos os alunos e instrutores.
Durante o treinamento, Maurício precisou percorrer 40 metros na lagoa e, em certo momento, ele começou a sentir câimbras. O rapaz chegou a receber uma boia ecológica de um tenente. Porém, o promotor ressaltou que Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia da lagoa e abandonassem o aluno.
“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da bóia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, afirmou.
Após ter recebido alguns “caldos”, Maurício começou a gritar por socorro e segurou os braços da tenente Ledur. Neste momento, Ledur teria dito para o aluno “Você está louco? Aluno encostando em oficial”. Em seguida, o aluno acabou perdendo a consciência e acordou somente quando estava às margens da lagoa.
O promotor Paulo Motta reforçou que a autoria do crime de tortura encontra-se robustamente demonstrada, por força do contido nos documentos, e pediu a condenação da oficial pelo crime de tortura.