Quando chove, alaga tudo. A minha casa não tem reboco e as telhas estão quebradas, a água escorre pelos buracos das paredes. Vivemos amontoados e nem sempre consigo alimentos para a minha família. Remédios que minha mãe precisa também faltam. Sofro em silêncio. Essa é a realidade de Micaela Alves da Costa, 35, moradora no bairro São Simão, em Várzea Grande.
Sem condições físicas, financeiras e psicológicas, Micaela tenta suprir as necessidades dos filhos Iara, 12, Luis, 11, e Natália, 9, e da mãe Maria Severina, 72, que sofre com as doenças de Alzheimer e Mal de Parkinson.
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Mesmo em situação de vulnerabilidade, a família recebeu com sorrisos a equipe de A Gazeta. No momento da visita, as crianças brincavam em cima de uma árvore e esperavam ansiosas pela preparação da comida. Era um dia especial, pois Micaela havia ganhado um frango para o almoço. Na geladeira só tinha água e, no armário, quase nada de alimentos.
Micaela explica que a situação da família piorou em razão das doenças de Maria Severina. Ela tem crises e necessita de cuidados em tempo integral. Precisei parar a minha vida para cuidar dela.
Conta que recebe a ajuda do sobrinho de 17 anos com as despesas da casa. Ele trabalha de servente, mas a renda da família é insuficiente.
Micaela explica que além da ajuda financeira do sobrinho, Maria Severina recebe a aposentadoria, mas parte é usada para custear um empréstimo feito, na época, para custear a construção do banheiro. Foi necessário, não tínhamos condições de continuar vivendo sem banheiro.
Explica ainda que o pouco que sobra é usado para custear parte dos medicamentos, que somados, gira em torno de R$ 600 ao mês. Geralmente falta a medicação nas unidades de saúde, infelizmente não consigo comprar tudo. Ela só toma com regularidade quando recebemos ajuda.
Necessidades
Vivendo em condições insalubres, Micaela se emociona ao falar das dificuldades, principalmente da saúde da sua mãe, que necessita de cuidados adequados.
Minha mãe caiu da cama, cortou a cabeça e ficou internada no Pronto-Socorro. Essa queda piorou a doença. Depois da alta hospitalar, ela precisou consultar com o neurologista. Uma pessoa de bom coração viu minha aflição e pagou pela consulta.
Segundo Micaela, o neurologista pediu exames de ressonância magnética de crânio com sedação e de sangue. Não tenho condição de pagar, estou desesperada. É urgente, mas o exame nunca sai com agilidade pelo Sistema Único de Saúde.
Além do exame de imagem, o neurologista passou novos medicamentos e Micaela também sofre porque não tem condições de comprar.
Minha mãe fica desorientada, não reconhece mais os filhos e netos. Às vezes, avança na família. Sai andando pela rua e tenho que ficar de olho, acabo saindo junto para acompanhar ela. Outro problema são os espasmos frequentes. Ela também tem dificuldade para comer, tem que ser mais líquidos os alimentos.
Micaela ressalta que se preocupa com o tratamento, pois as consultas com o neurologista precisam ser regulares. Preciso que esse acompanhamento mensal seja pelo SUS. Desta vez, recebi ajuda e a consulta foi paga, mas e as outras vezes?
Sonho de Natal
Meu maior sonho é oferecer vida digna para a minha família. Minha condição é difícil, não permite.
Sem condições financeiras para comprar frutas e carnes, a família se alimenta de maneira precária.
Micaela revela que os filhos sentem vontade e pedem para comer doce, iogurte e bolacha. Não vou mentir, eles não ganham. Só compro o essencial, mas até o básico falta. Essa semana mesmo, não tinha nem óleo em casa.
Há anos as crianças não ganham roupas e calçados novos. Tudo que usam são doados e, geralmente, usados. Não sobra para comprar. Os poucos brinquedos também são por meio de doações.
Micaela deseja ganhar uma cama com grade para a mãe dormir sem perigo de cair novamente. Também pede telhas para evitar que a água inunde a casa. Quem puder ajudar, agradeço muito.
Já as crianças se dividem nos pedidos. Iara, de 12 anos, almeja de presente uma calça jeans (numeração é 36). Luis, de 11 anos, quer uma bola e Natália, de 9, uma boneca bebê reborn.
Os sobrinhos de Micaela, Kelvin e Yussef, também pediram brinquedos.
Ajuda
A família mora na rua Antonio José da Silva, quadra 46, lote 24, bairro São Simão, Várzea Grande. (Próximo ao ponto final da rua do salão do Francisco.) Contato Micaela: (65) 99685-2695.