Cuiabá tem em média 5 furtos de cabos de telefonia e internet por semana e este ano já foram contabilizadas 250 ocorrências. Em 2019, foram 243 notificações em todo ano, desse tipo de crime à Delegacia de Roubos e Furtos (Derf) da Capital. Após o furto, população padece à espera do restabelecimento dos serviços.
Quase uma semana sem internet e telefone. Isso foi o que enfrentou a bancária Luiza Fontes, 55, nesses últimos 15 dias. Ao fazer o chamado para a operadora de telefonia, foi informada que a interrupção do serviço era resultado do rompimento do cabeamento. Precisei rotear a internet do celular para o computador, mas teve um dia que travou tudo, lembra. Na ocasião, a bancária teve dificuldade para registrar a saída do trabalho.
A publicitária Tania Kramm, 43, também relata que já enfrentou esse problema de interrupção da internet por conta de cabeamento rompido outras vezes. Contudo, na semana passada, foram 4 dias sem qualquer sinal. Nunca ficamos tanto tempo assim, pontua. Ao reclamarmos, fomos informados que a empresa (Vivo) teria até 10 dias úteis para resolver, conta.
As empresas de telefone foram procuradas, para se manifestar, e por meio do Conexis Brasil Digital (sindicato que representa as principais operadoras de telecomunicações do país), enviaram uma manifestação genérica. A entidade não possui dados regionais e pontuou, em nota, que o setor defende junto às autoridades de segurança pública a relevância do tratamento do tema, bem como o necessário endurecimento na repressão deste tipo de crime, com a devida punição exemplar aos que prejudicam a sociedade com esses delitos.
Docente do curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Danilo Ferreira de Souza, destaca que a motivação para o furto é a existência de cobre dentro dessa fiação. O cobre é um metal que, no mercado paralelo, tem um valor muito elevado, podendo chegar a R$ 25 ou R$ 30 por quilo, ressalta. O alumínio é em torno de 5 a 7 vezes mais barato.
O titular da Derf, delegado Guilherme Bertoli, ressalta que a segurança pública está ciente desse tipo de crime que gera prejuízo tanto para as empresas quanto para o consumidor e reconhece que é uma modalidade de difícil investigação. Além disso, como as penas previstas na lei penal são brandas, dificilmente os criminosos ficam presos. Logo, a sensação de impunidade consolidada é um dos principais fatores que alimentam tais práticas delituosas, conclui.