As variações constantes no preço das commodities como a soja, milho e boi, além da alta no custo da produção durante a pandemia da Covid-19, fizeram com que os agricultores e pecuaristas acendessem o sinal vermelho e fossem em busca de alternativas para diminuir os impactos na margem de lucro de suas propriedades rurais. Para se ter ideia, o serviço de proteção de preços - conhecido no mercado como operações de hedge agrícola - cresceu cerca de 400% nesse período.
Hedge agrícola é uma operação financeira onde o produtor rural busca defender o preço das suas commodities em um campo mercadológico com fortes mudanças de valores, tais como a agricultura, pecuária, trading, revenda de insumos e agroindústrias. Esses setores, aliás, nos últimos tempos viram sua margem de lucro apertar e, portanto, são um dos principais beneficiados com essa ferramenta de proteção.
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Isso porque, as operações de hedge, ao oferecerem a previsibilidade dos valores de negociações, protegem tanto os produtores, quanto as indústrias. “Neste período, a procura por esse tipo de atendimento aumentou em 400% na empresa que atuo. Os produtores rurais que têm esse amparo conseguiram fechar as contas no azul. Por outro lado, aqueles que não o fizeram, tem problemas”, pontua Rafael Grings.
Grings é assessor de investimentos da Hedge Agro, que pertence a Ouro Investimentos, empresa que atua nessa seara há dez anos. Ele esclarece que a proteção de preço beneficia os produtores ao segurar os impactos de uma eventual desvalorização, além de proteger compradores da alta nos custos de commodities, fator que se insere nas negociações das agroindústrias e trading.
“Nos últimos anos, esse público tem visto suas margens de lucro apertarem bastante, pois um cenário de instabilidade econômica, seja por qual motivo for, traz consequências que pesam no bolso. Então, a contratação desse tipo de serviço é uma alternativa que tem sido amplamente adotada por muitos. Mas primeiramente sempre um consultor deve fazer um diagnóstico para ver a melhor estratégia”, pontua Grings.
O produtor rural de Pontes e Lacerda (442 km de Cuiabá), Rogério dos Santos, comenta que utiliza a segurança de hedge para ter maior controle sobre os valores, o que, consequentemente, o auxilia a ter maior rentabilidade. “A gente vem trabalhando as travas nas compras antecipadas e isso nos dá mais garantia na compra dos insumos. Estamos trabalhando cada vez melhor por conta desses seguros”.
Seu boitel, Confinamento São Lucas, tem atualmente capacidade para confirmar 7.200 animais por vez. Números grandiosos para o seu negócio e que foram alcançados com o auxílio da proteção de preços. “Isso nos ajuda a atender com mais qualidade e precisão nos confinamentos. Fizemos uma consultoria para o nosso negócio, onde foi mostrada essa alternativa e desde então, se tornou algo fundamental”.
Proteção
Rafael Grings associa esse aumento nas contratações das “operações de hedge” a metodologia simples aperfeiçoada pela Hedge Agro, durante os 10 anos de atuação da empresa. “O instrumento se assemelha ao seguro de carro e auxilia os clientes que trabalham com commodities a não ficar no prejuízo, independentemente da variação delas”.
Dentro da estrutura de soluções do serviço prestado existem dois tipos de coberturas: o de alta e o de baixa de preços. Rafael Grings explica, no entanto, que o cliente não precisa saber a estratégia a seguir, pois a Hedge Agro faz um diagnóstico no mercado e tipo de atividade desenvolvida pelo cliente. A partir disso, é elaborado um planejamento de comercialização, definindo quando comprar ou vender a commodities.
“Normalmente o produtor rural faz seguro de baixa para se precaver, caso haja desvalorização das commodities produzidas. Já os demais, fazem seguro de alta. Isso para que na compra, quando, por exemplo, a indústria vai comprar grão, não pague pelo produto muito acima do planejado. O criador faz de baixa para não perder o investimento e as indústrias na alta para não inviabilizar os trabalhos”, esclarece.