De sete anos para cá, o ambiente de crédito para o agronegócio tem vivenciado importantes mudanças que influenciam diretamente a gestão de fazendas por todo o Brasil. A chamada ‘bancarização’ do setor veio para ficar, e com ela a demanda por um produtor rural mais moderno e muito organizado quanto à administração da propriedade.
“Os recursos oficiais, de capital público, hoje representam menos de 30% do volume anual demandado pelos produtores rurais, que gira em torno de R$ 800 bilhões”, cita Daniel Latorraca, diretor de Operações da Creditares – plataforma de crédito focada no agro.
A predominância do capital privado no financiamento rural não afetou somente os produtores rurais, mas também as instituições financeiras. “Toda a cadeia de valor está se adequando. Nos últimos anos, tem aumentado consideravelmente o número de gerências específicas de agro em bancos, por exemplo”, comenta Latorraca.
Entre os agricultores e pecuaristas, as alterações em curso têm sido mais nos aspectos de gestão da propriedade rural. “O produtor está se adaptando às exigências de documentos e informações gerenciais, o que requer uma nova organização financeira da fazenda. Sem contar que o aspecto ambiental também está sobre a mesa na hora da análise de crédito”, afirma o diretor da Creditares.
Daniel Latorraca se apresenta no dia 29 de novembro em um painel sobre crédito rural e financiamento do agronegócio, dentro da programação do 2º Seminário “A Multidisciplinaridade do Agronegócio e os Reflexos no Sistema Judicial”. Além dele, participam do painel Lutero de Paiva Pereira, advogado especialista em agronegócios, e a desembargadora Marilsen Andrade Addario (TJMT).
Legislações novas, como as chamadas “Lei do Agro” 1 (Lei nº 13.986/20) e 2 (Lei nº 14.421/2022), estarão na pauta de Latorraca, assim como as novas fontes de financiamento rural. “Há inovações muito positivas para o setor, e, entre elas, as fintechs têm aumentado as alternativas para o agro manter sua batida de crescimento permanente no Brasil e em Mato Grosso”, afirma o executivo.
Termo derivado da expressão em inglês financial technology, as fintechs são startups do setor financeiro que ofertam soluções digitais de crédito. “É mais um sinal do interesse do mercado de capitais no agro”, ressalta Latorraca, que também falará sobre os aspectos de risco financeiro. Entre eles, o aumento na taxa de juros, o cenário de recessão mundial e o aumento de processos de recuperação judicial entre empresas do agro.
O evento
O 2º Seminário “A Multidisciplinaridade do Agronegócio e os Reflexos no Sistema Judicial” ocorre nos dias 29 e 30 de novembro no Cenarium Rural, em Cuiabá, e é promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT).
Apoiam o evento o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, a Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT), o Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura (Copedem), a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e a Escola Superior de Advocacia (ESA).
O objetivo é reunir magistrados, advogados, desembargadores, ministros, produtores rurais e entidades do agronegócio para discutirem legislação ambiental, acesso à terra, direito empresarial rural, sustentabilidade, entre outros assuntos de alcance econômico, político e social.