A agricultora familiar Marcia Aparecida de Souza nasceu e cresceu em família de agricultores. Na idade adulta, foi morar na cidade para estudar, onde fez mestrado em agronegócio. Hoje, ela mora no núcleo Rural Buriti Vermelho, no Paranoá (DF), e é gestora da Cooperativa Cooper-Horti com 33 cooperados, sendo 30 homens. Ela produz 4 hectares no Distrito Federal e 15 hectares no estado de Goiás, com a plantação de hortaliças, como alfaces e tomates.
“Nós, mulheres, estamos sempre quebrando barreiras. Eu vejo as mulheres mais como gestoras das propriedades. A agricultura ainda é um ambiente dominado pelos homens, mas a participação das mulheres é crescente e isso se confirma a cada dia”, destaca Marcia.
A agricultora é um exemplo do crescimento da participação feminina na agricultura familiar. A presença feminina nas modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) alcançou 4.701 mulheres em 2019, o que representa 80% de participação, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os dados fazem parte da publicação Agricultura Familiar: Programa de Aquisição de Alimentos - PAA: Resultados das Ações da Conab em 2019. Segundo Marisson de Melo Marinho, superintendente de suporte à agricultura familiar da Conab, a participação da mulher tem aumentado ao longo dos anos.
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A partir de 2016, critérios mais claros favoreceram cooperativas e associações da agricultura familiar administradas e com
participação de mulheres. Essas ações permitiram que, em 2019, o número de mulheres no PAA chegasse a 80%, maior percentual de mulheres participantes”, afirmou. Ele acrescenta que é “um recorde que fortalece a participação das mulheres no PAA, o programa que capacita agricultoras familiares e suas organizações para acessar o mercado”, comentou Marinho.
O incentivo à maior inclusão feminina no PAA começou a fazer parte das políticas públicas voltadas ao pequeno agricultor a partir de 2011, quando foi instituído como um dos critérios de priorização na seleção e execução do programa a participação mínima de 40% de mulheres como beneficiárias fornecedoras na modalidade de Compra com Doação Simultânea (CDS) e 30% na de Formação de Estoque (CPR-Estoque).
“Esta participação revela que a capacidade produtiva das organizações compostas por mulheres tem se fortalecido e minimizado os problemas de comercialização de seus produtos, além de valorizar a mão de obra feminina e de garantir sua autonomia econômica. Ressalta-se ainda que o fortalecimento do trabalho das mulheres no campo implica também a consolidação da segurança alimentar de suas famílias”, aponta o estudo.