A crise institucional e democrática no Brasil, a revolta de grande parte dos brasileiros, as preocupações do agro com a atual situação do País, notícias comentadas e entrevistas integram o conteúdo do Momento Agrícola deste sábado (26.11).
De autoria do produtor rural, agrônomo e consultor Ricardo Arioli, o programa é veiculado aos sábados pela rede de rádios do Agro e repercutido em forma de notícias e com podcast Soundcloud pelo Enfoque Business, também aos finais de semana.
Revolta legítima
O assunto de abertura do Momento Agrícola, em sua última edição deste mês de novembro, está relacionado às manifestações de boa parte dos brasileiros em razão da discordância com o resultado das eleições presidenciais por clara suspeita de fraude.
Para Ricardo Arioli, o fechamento de rodovias é ilegal porque gera prejuízos em todos os setores, do agro à indústria, do varejo aos serviços públicos. Porém, segundo Arioli, as manifestações pacíficas e ordeiras, como as que ocorrem em Brasília, são legítimas e expressam revolta popular com várias situações vivenciadas no país.
Uma das revoltas é contra o Supremo Tribunal Federal, que soltou todos os condenados da Operação Lava-Jato. “Só falta devolver o dinheiro apreendido e pedir desculpas”, observou Arioli. “Estão todos em liberdade, alguns tentando voltar aos cargos públicos que já ocuparam e onde se locupletaram com dinheiro público à la farta em malas, cuecas, caixas de sapato…”.
Para Arioli, os condenados “estão querendo voltar às cenas dos crimes, incluindo o símbolo maior de toda Operação Lava-Jato, o ex-presidente Lula, que motivou várias delações premiadas com provas contundentes em seu desfavor, dinheiro de corrupção devolvido, mas foi solto por um jeitinho jurídico que permitiu até que concorresse nas eleições”.
Outro motivo da revolta de boa parte dos brasileiros é a censura à liberdade de opinião, principalmente nas redes sociais. “As censuras em nome de uma batalha contra as fake news incluíram algumas prisões descabidas… Olha, prisão por opinião não é democracia, é coisa de ditadura”, considerou Ricardo Arioli.
Uma terceira causa, segundo o apresentador do Momento Agrícola, é a indignação com o Congresso Nacional, principalmente com o Senado. “Que deveria (o Senado) ter um papel moderador quando o Judiciário, através do Supremo, extrapola suas atribuições e implanta suas vontades goela abaixo”, disse. Ele prossegue com a seguinte reflexão: “Quando um eleitor não se sente representado por quem elegeu, qual o caminho? Baixar a cabeça e concordar com os desmandos, ou lutar por seus direitos? É ‘perdeu, mané, não amola’, ou ‘vem pra rua e vamos lutar’?”
Há, ainda, a situação da suspeição sobre o sistema eletrônico das eleições, que inflama os ânimos no Brasil pela falta de transparência no processo eleitoral. Para Arioli, se ainda não se conseguiu provar, até agora, que houve manipulação, também não é possível ao TSE demonstrar que não houve. “E agora, como se pacifica o País?”, indaga.
Para o autor do Momento Agrícola, eleições limpas são o ponto crucial de uma democracia séria. “Mas, para serem limpas, precisam ser transparentes”, condicionou, completando que “talvez se, lá atrás, o TSE tivesse concordado com votos impressos e auditáveis, nada disso estaria acontecendo, fosse quem fosse o vencedor das eleições”.
Arioli reconhece, porém, que os brasileiros devem fazer um mea culpa. “Se, lá atrás, tivéssemos discordado veementemente pela forma como Lula foi solto pelo voto de um juiz só, alegando erro no local das condenações e com permissão de voltar a disputar eleições, nada disso estaria acontecendo, também”. E acrescentou: “Esse, com certeza, é um Brasil que não queremos… Lugar de corrupto é na cadeia!”
Preocupação do Agro
Os produtores rurais estão preocupados com um possível atraso nas entregas nos portos para exportações e nas indústrias por conta das paralisações e da retirada pacífica dos caminhões das estradas, ficando sem operar em sinal de protesto.
Eventuais atrasos nas entregas podem gerar custos gigantescos com eventuais multas de navios. “Estas eventuais multas serão repassadas aos produtores na forma de preços menores, como sempre acontece”, disse Ricardo Arioli.
Desacordo nos EUA
Enquanto isso, nos Estados Unidos um dos dois maiores sindicatos que representam trabalhadores de ferrovias americanos rejeitou, na última segunda-feira (21), a proposta de um acordo salarial negociado pela Casa Branca, o que abre a possibilidade de uma greve no início de dezembro.
O sindicato Smart-TD disse que voltaria à mesa de negociações com os dirigentes das ferrovias para um acordo revisado com prazo de 8 de dezembro. Sem acordo, os trabalhadores poderão entrar em greve em 9 de dezembro. “Isso tudo pode ser resolvido por meio de negociações e sem greve”, ponderou o presidente do SMART-TD, Jeremy Ferguson.
Outras
Além de outras notícias comentadas nos dois primeiros blocos, esta edição do Momento Agrícola traz outros dois blocos com interessantes diálogos. No terceiro bloco, o tema é “A COP do Egito e o Agro do Brasil”, com Nélson Ananias, da CNA. No quarto e último bloco, o tema é “Outros Usos da Soja”, com Décio Gazzoni, da Embrapa Soja.