Após a obtenção de licenças prévias, duas empresas trabalham na obtenção de licenças de instalação (LIs) para dois terminais portuários no rio Paraguai, na região de Cáceres, no oeste de Mato Grosso. A Companhia de Investimentos do Centro Oeste e a GPG Serviços Portuários trabalham nos processos de instalação dos portos de Paratudal e Barranco Vermelho.
Os dois portos – denominados terminais de uso privado (TUPs) – comporão um sistema portuário que escoará grandes volumes de grãos (soja e milho), carne, madeira, açúcar, algodão pelo rio Paraguai, com cargas oriundas de toda a parte oeste do estado. Também há previsão para transporte de fertilizantes e outros insumos da produção agrícola.
Segundo informações obtidas pelo Enfoque Business, a expectativa é que as LIs sejam emitidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT) no primeiro trimestre de 2023. Num dos portos – Barranco Vermelho – já há recursos viabilizados na ordem de US$ 35 milhões para as obras.
Além de Paratudal e de Barranco Vermelho – que já obtiveram Licença Prévia nesse ano de 2022 – o tramo norte do rio Paraguai já conta com outro porto – o Terminal Portuário APH -, este pronto para operar. Somente Paratudal terá capacidade de movimentar 5 milhões de toneladas de grãos por ano, além de 3 milhões/ano de toneladas de fertilizantes e 250 mil toneladas/ano de contêineres e carga geral.
Com as LIs de Barranco Vermelho e Paratudal, o sistema hidroviário regional estará pronto para operar assim que estiver liberada a Hidrovia do Rio Paraguai, a partir das autorizações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT, responsável pela sinalização e dragagem) e da Marinha do Brasil. Também será necessário, obviamente, o restabelecimento do nível do rio Paraguai, prejudicado por sucessivas secas em anos anteriores.
A Hidrovia Paraguai-Paraná abre um leque considerável para exportação e importação, otimizando a matriz de transportes potencializando o modal rodoviário nos trechos do entorno, num raio de 400 km.
Do total de 3.442 quilômetros da rota aquaviária, 890 quilômetros ficam dentro do Brasil, passando por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No continente sul-americano, a hidrovia passa, também, por Bolívia, Paraguai e Argentina. O trecho em organização da hidrovia proporcionará navegação comercial no Tramo Norte do rio Paraguai, ligando Cáceres a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, conectando ao extremo sul do Continente, como preconizado no Comitê Intergovernamental da Hidrovia Paraguai-Paraná (CIH).
A proximidade das concessões das LIs de Barranco Vermelho e Paratudal é uma notícia relevante para o desenvolvimento da macrorregião Oeste-Sudoeste do Estado. “É mais um passo importante na consolidação da logística suprarregional. Os TUPs (Terminais de Uso Privado) são vetores privados importantes na utilização das nossas condições naturais”, observa o engenheiro civil Adílson Reis, de Cáceres.
Adílson, que preside a Administradora da ZPE de Cáceres, também é membro da Agenda Regional Oeste (ARO), movimento apartidário, de natureza privada, que tem por objetivo acompanhar e colaborar nas obras de integração logística e de desenvolvimento socioeconômico da mesorregião sudoeste de Mato Grosso.